//O gatilho da memória, criado no ano da graça de 2008 a 3 de Março, tem como objectivo accionar o teu "gatilho da memória".
domingo, 2 de dezembro de 2012
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Na Grécia já há 600 mil pessoas abandonadas pelo sistema de saúde
Por
Marta F. Reis, Jornal i - publicado em 30 Out 2012
Director da secção grega dos Médicos do
Mundo alerta que a catástrofe humanitária
pode alastrar: “O governo diz que é a
escolha da troika”
Desempregados de longo termo têm de
pagar do seu bolso os cuidados no sector público: são 700 euros um parto ou até
4 mil euros uma cirurgia oncológica
A história de Elena, contada pelo “The
New York Times”, circulou nos últimos dias nas redes sociais. A doente com um tumor
avançado na mama, do tamanho de uma laranja, deixou o chefe do serviço de
oncologia do Hospital Geral Sotiria, no centro de
Atenas, perplexo. “Coisas como estas
eram descritas nos manuais, mas nunca as víamos porque até agora, qualquer
pessoa que adoecia neste país conseguia ajuda”, conta Kostas Syrigos.
Elena andou mais de um ano sem saber a
quem recorrer até um médico a enviar para uma clínica social, com o peito envolto
em guardanapos, para ser tratada por médicos voluntários e com remédios doados.
Elena deu rosto à situação dramática que se vive no país: a machadada num sistema de
saúde que nunca chegou a estar consolidado foi perceber-se o que significa regras
como os desempregados há mais de um ano deixarem de ter acesso a cuidados de
saúde gratuitos. Com 600 mil pessoas nesta
situação, fatia que pode chegar aos 1,2
milhões nos próximos meses, um em cada dez gregos está em risco de ser abandonados
por um sistema de saúde com a pretensão de ser universal e tendencialmente
gratuito.
Ao i, Syrigos não foi menos duro
nas palavras: “Estas pessoas simplesmente não existem para o serviço nacional de
saúde. É uma situação muito má.”
Toda a arquitectura do sistema nacional
de saúde grego é diferente da realidade portuguesa, mas os especialistas
salientam que o colapso foi rápido e merece ser olhado com atenção.
Uma situação como a
de Elena seria verosímil em Portugal se, por exemplo, os beneficiários de
subsistemas como a ADSE perdessem o direito a
qualquer prestação de saúde após um ano
no desemprego e não tivessem como alternativa o Serviço Nacional de Saúde
(SNS), que em Portugal protege ainda os mais pobres com isenções no pagamento
das taxas moderadoras.
Em Portugal, depois da extinção dos
serviços médicos das Caixas de Previdência e com a criação do SNS em 1979,
mantiveram-se subsistemas subsidiados em parte pelo Estado e garante-se uma cobertura
dupla: mesmo que a ADSE fosse à falência, os beneficiários continuariam a ter
hospitais e centros de saúde onde recorrer. Na Grécia, a transição nunca foi concluída
e o serviço nacional de saúde existe desde 1983 mas não é completamente financiado
pelo orçamento do Estado: 48% são transferências de fundos da segurança
social. Quem não desconta para a segurança social pode usar os serviços públicos,
mas tem de pagar os custos praticamente na íntegra. Ainda assim, a Grécia investe
na saúde 9,6% do PIB, acima da fatia de 6% com que Portugal sustentou este ano o
sistema de saúde (em 2013 cai para 5,1%).
DEIXOU
DE CHEGAR “Tentamos
ajudar cobrindo os custos totais dos tratamentos com trabalho voluntário e
remédios doados”, diz Kostas Syrigos, que colabora como voluntário na Metropolitan Social
Clinic, uma rede de médicos fundada em Janeiro e onde Elena encontrou apoio. Mas a
realidade é também conhecida de perto por Kanakis Nikitas, da secção grega da
organização não-governamental Médicos do Mundo. “O que se passa na Grécia é
muito simples: quem trabalha, desconta para a segurança social. Quem está
desempregado, tem direito a segurança social durante um ano e depois não tem direito a nada.
Sem segurança social e doente, se não tiver dinheiro e não encontrar ajuda, morre.”
Não ter direito a nada significa pagar cinco euros por cada contacto com o sistema
público, sem qualquer isenção. Mas isto é só o início, a taxa moderadora. As facturas
atingem valores como 700 euros por um parto ou 3 mil a 4 mil por uma cirurgia
oncológica se se recorrer aos hospitais públicos. A quimioterapia pode chegar aos 40 mil
euros.
Além desta barreira no acesso, o
apertar do cinto desde o primeiro resgate fez com que todo o sistema se degradasse.
Charalampos Economou, investigador da Universidade Panteion, em Atenas,
apresenta alguns indicadores: em alguns hospitais espera-se seis meses por uma cirurgia,
por radioterapia três meses, o mesmo para a remoção de um tumor. O tempo de espera
para fazer uma mamografia varia entre os três e os seis meses.
Segundo a Organização Mundial de Saúde,
a Grécia chegou a ter o 14º melhor sistema de saúde do mundo. “Estamos a
avançar para a mesma situação que os EUA viveram”, diz Syrigos. No ano 2000,
quando a OMS avaliou o desempenho dos sistemas de saúde de 190 países, EUA
apareciam longe na 37ª e Portugal na 12.ª.
O número de gregos que procuram a ajuda
dos Médicos do Mundo aumentou quatro vezes nos últimos dois anos. “Este ano
vamos atender 60 mil pessoas e há dois anos eram 30 mil, mas só 8% eram gregos”,
conta Nikitas. Até aqui, este tipo de estruturas
apoiava sobretudo imigrantes, sem a
situação laboral regularizada e é aí que reside o problema: deixou de chegar. O
desemprego disparou e os pedidos não param. É a combinação dos cortes orçamentais,
descida nas comparticipações e o aumento do
desemprego e nos impostos que torna a
situação explosiva. E Nikitas salienta que não
é por falta de alertas que se chegou ao
ponto de catástrofe humanitária. “O governo diz que é a escolha da troika. O que é
que eles dizem aí? São as mesmas pessoas, a mesma troika. Temos de cumprir se não
não recebemos a próxima tranche. Não creio
que seja muito diferente. Penso que não
podem fazer nada, se não pode não haver dinheiro para a segurança social de
todo.”
Para o médico, é hora de Bruxelas
intervir mas também dos países mais pequenos enfrentarem o problema. “O que está a
acontecer na Grécia vai acontecer-vos a vocês. Isto é certo. Somos os primeiros
na fila. Mesmo que continuem e venha
dinheiro para o desenvolvimento do
país, não vai haver futuro. As pessoas não vão sobreviver.”
domingo, 21 de outubro de 2012
Despedida
“Excelência,
Não me conhece, mas eu conheço-o e, por isso, espero que não se importe que lhe dê alguns dados biográficos. Chamo-me Pedro Miguel, tenho 22 anos, sou um recém-licenciado da Escola Superior de Enfermagem do Porto. Nasci no dia 31 de Julho de 1990 na freguesia de Miragaia. Cresci em Alijó com os meus avós paternos, brinquei na rua e frequentava a creche da Vila. Outras vezes acompanhava a minha avó e o meu avô quando estes iam trabalhar para o Meiral, um terreno de árvores de fruto, vinha (como a maioria daquela zona), entre outros. Aprendi a dizer “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite” quando me cruzava na rua com terceiros. Aprendi que a vida se conquista com trabalho e dedicação. Aprendi, ou melhor dizendo, ficou em mim a génesis da ideia de que o valor de um homem reside no poder e força das suas convicções, no trato que dá aos seus iguais, no respeito pelo que o rodeia.
Voltei para a cidade onde continuei o meu percurso: andei numa creche em Aldoar, freguesia do Porto e no Patronato de Santa Teresinha; frequentei a escola João de Deus durante os primeiros 4 anos de escolaridade, o Grande Colégio Universal até ao 10º ano e a Escola Secundária João Gonçalves Zarco nos dois anos de ensino secundário que restam. Em 2008 candidatei-me e fui aceite na Escola Superior de Enfermagem do Porto, como referi, tendo terminado o meu curso em 2012 com a classificação de Bom. Nunca reprovei nenhum ano. No ensino superior conclui todas as unidades curriculares sem “deixar nenhuma cadeira para trás” como se costuma dizer.
Durante estes 20 anos em que vivi no Grande Porto, cresci em tamanho, em sabedoria e em graça. Fui educado por uma freira, a irmã Celeste, da qual ainda me recordo de a ver tirar o véu e ficar surpreendido por ela ter cabelo; tive professores que me ensinaram a ver o mundo (nem todos bons, mas alguns dignos de serem apelidados de Professores, assim mesmo com P maiúsculo); tive catequistas que, mais do que religião, me ensinaram muito sobre amizade, amor, convivência, sobre a vida no geral; tive a minha família que me acompanhou e me fez; tive amigos que partilharam muito, alguns segredos, algumas loucuras próprias dos anos em flor; tive Praxe, aquilo que tanta polémica dá, não tendo uma única queixa da mesma, discutindo Praxe várias vezes com diversos professores e outras pessoas, e posso afirmar ter sido ela que me fez crescer muito, perceber muita coisa diferente, conviver com outras realidades, ter tirado da minha boca para poder oferecer um lanche a um colega que não tinha que comer nesse dia. Tudo isto me engrandeceu o espírito. E cresci, tornei-me um cidadão que, não sendo perfeito, luto pelas coisas em que eu acredito, persigo objetivos e almejo, como todos os demais, a felicidade, a presença de um propósito em existirmos. Sou exigente comigo mesmo, em ser cada vez melhor, em ter um lugar no mundo, poder dizer “eu existo, eu marquei o mundo com os meus atos”.
Pergunta agora o senhor por que razão estarei eu a contar-lhe isto. Eu respondo-lhe: quero despedir-me de si. Em menos de 48 horas estarei a embarcar para o Reino Unido numa viagem só de ida. É curioso, creio eu, porque a minha família (inclusive o meu pai) foi emigrante em França (onde ainda conservo parte da minha família) e agora também eu o sou. Os motivos são outros, claro, mas o objetivo é mesmo: trabalhar, ter dinheiro, ter um futuro. Lamento não poder dar ao meu país o que ele me deu. Junto comigo levo mais 24 pessoas de vários pontos do país, de várias escolas de Enfermagem. Somos dos melhores do mundo, sabia? E não somos reconhecidos, não somos contratados, não somos respeitados. O respeito foi uma das palavras que mais habituado cresci a ouvir. A par dessa também a responsabilidade pelos meus atos, o assumir da consequência, boa ou má (não me considero, volto a dizer, perfeito).
Esse assumir de uma consequência, a pro-atividade para fazer mais, o pensar, ter uma perspetiva sobre as coisas, é algo que falta em Portugal. Considero ridículas estas últimas semanas. Não entendo as manifestações que se fazem que não sejam pacíficas. Não sou a favor das multidões em protesto com caras tapadas (se estão lá, deem a cara pelo que lutam), daqueles que batem em polícias e afins. Mais, a culpa do país estar como está não é sua, nem dos sucessivos governos rosas e laranjas com um azul à mistura: a culpa é de todos. Porquê? Porque vivemos com uma Assembleia que pretende ser representativa, existindo, por isso, eleições. A culpa é nossa que vos pusemos nesse pódio onde não merecem estar. Contudo o povo cansou-se da ausência de alternativas, da austeridade, do desemprego, das taxas, dos impostos. E pedem um novo Abril. Para quê? O Abril somos nós, a liberdade é nossa. E é essa liberdade que nos permite sair à rua, que me permite escrever estas linhas. O que nós precisamos é que se recorde que Abril existiu para ser o povo quem “mais ordena”. E a precisarmos de algo, precisamos que nos seja relembrado as nossas funções, os nossos direitos, mas, sobretudo, principalmente, com muita ênfase, os nossos deveres.
Porém, irei partir. Dia 18 de Outubro levarei um cachecol de Portugal ao pescoço e uma bandeira na bagagem de mão. Levarei a Pátria para outra Pátria, levarei a excelência do que todas as pessoas me deram para outro país. Mostrarei o que sou, conquistarei mais. Mas não me esquecerei nunca do que deixei cá. Nunca. Deixo amigos, deixo a minha família. Como posso explicar à minha sobrinha que tem um ano que eu a amo, mas que não posso estar junto dela? Como posso justificar a minha ausência? Como posso dizer adeus aos meus avós, aos meus tios, ao meu pai? Eles criaram, fizeram-me um Homem. Sou sem dúvida um privilegiado. Ainda consigo ter dinheiro para emigrar, o que não é para todos. Sou educado, tenho objetivos, tenho valores. Sou um privilegiado.
E é por isso que lhe faço um último pedido. Por favor, não crie um imposto sobre as lágrimas e muito menos sobre a saudade. Permita-me chorar, odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país, trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia. Permita-me, sim? E verá que nos meus olhos haverá saudade e a esperança de um dia aqui voltar, voltar à minha terra. Voltarei com mágoa, mas sem ressentimentos, ao país que, lá bem no fundo, me expulsou dele mesmo.
Não pretendo que me responda, sinceramente. Sei que ser político obriga a ser politicamente correto, que me desejará boa sorte, felicidades. Prefiro ouvir isso de quem o diz com uma lágrima no coração, com o desejo ardente de que de facto essa sorte exista no meu caminho.
Cumprimentos,
Pedro Marques
Enviada hoje para a Presidência da República.”
http://anastomoses.blogspot.pt/2012/10/carta-de-despedida-presidencia-da.html
————– Actualização ———-
Video da partida de Pedro Marques no seguinte Link: http://www.muitobom.com/carta-de-despedida-cavaco-de-pedro-marques-chegou-aos-media/
Não me conhece, mas eu conheço-o e, por isso, espero que não se importe que lhe dê alguns dados biográficos. Chamo-me Pedro Miguel, tenho 22 anos, sou um recém-licenciado da Escola Superior de Enfermagem do Porto. Nasci no dia 31 de Julho de 1990 na freguesia de Miragaia. Cresci em Alijó com os meus avós paternos, brinquei na rua e frequentava a creche da Vila. Outras vezes acompanhava a minha avó e o meu avô quando estes iam trabalhar para o Meiral, um terreno de árvores de fruto, vinha (como a maioria daquela zona), entre outros. Aprendi a dizer “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite” quando me cruzava na rua com terceiros. Aprendi que a vida se conquista com trabalho e dedicação. Aprendi, ou melhor dizendo, ficou em mim a génesis da ideia de que o valor de um homem reside no poder e força das suas convicções, no trato que dá aos seus iguais, no respeito pelo que o rodeia.
Voltei para a cidade onde continuei o meu percurso: andei numa creche em Aldoar, freguesia do Porto e no Patronato de Santa Teresinha; frequentei a escola João de Deus durante os primeiros 4 anos de escolaridade, o Grande Colégio Universal até ao 10º ano e a Escola Secundária João Gonçalves Zarco nos dois anos de ensino secundário que restam. Em 2008 candidatei-me e fui aceite na Escola Superior de Enfermagem do Porto, como referi, tendo terminado o meu curso em 2012 com a classificação de Bom. Nunca reprovei nenhum ano. No ensino superior conclui todas as unidades curriculares sem “deixar nenhuma cadeira para trás” como se costuma dizer.
Durante estes 20 anos em que vivi no Grande Porto, cresci em tamanho, em sabedoria e em graça. Fui educado por uma freira, a irmã Celeste, da qual ainda me recordo de a ver tirar o véu e ficar surpreendido por ela ter cabelo; tive professores que me ensinaram a ver o mundo (nem todos bons, mas alguns dignos de serem apelidados de Professores, assim mesmo com P maiúsculo); tive catequistas que, mais do que religião, me ensinaram muito sobre amizade, amor, convivência, sobre a vida no geral; tive a minha família que me acompanhou e me fez; tive amigos que partilharam muito, alguns segredos, algumas loucuras próprias dos anos em flor; tive Praxe, aquilo que tanta polémica dá, não tendo uma única queixa da mesma, discutindo Praxe várias vezes com diversos professores e outras pessoas, e posso afirmar ter sido ela que me fez crescer muito, perceber muita coisa diferente, conviver com outras realidades, ter tirado da minha boca para poder oferecer um lanche a um colega que não tinha que comer nesse dia. Tudo isto me engrandeceu o espírito. E cresci, tornei-me um cidadão que, não sendo perfeito, luto pelas coisas em que eu acredito, persigo objetivos e almejo, como todos os demais, a felicidade, a presença de um propósito em existirmos. Sou exigente comigo mesmo, em ser cada vez melhor, em ter um lugar no mundo, poder dizer “eu existo, eu marquei o mundo com os meus atos”.
Pergunta agora o senhor por que razão estarei eu a contar-lhe isto. Eu respondo-lhe: quero despedir-me de si. Em menos de 48 horas estarei a embarcar para o Reino Unido numa viagem só de ida. É curioso, creio eu, porque a minha família (inclusive o meu pai) foi emigrante em França (onde ainda conservo parte da minha família) e agora também eu o sou. Os motivos são outros, claro, mas o objetivo é mesmo: trabalhar, ter dinheiro, ter um futuro. Lamento não poder dar ao meu país o que ele me deu. Junto comigo levo mais 24 pessoas de vários pontos do país, de várias escolas de Enfermagem. Somos dos melhores do mundo, sabia? E não somos reconhecidos, não somos contratados, não somos respeitados. O respeito foi uma das palavras que mais habituado cresci a ouvir. A par dessa também a responsabilidade pelos meus atos, o assumir da consequência, boa ou má (não me considero, volto a dizer, perfeito).
Esse assumir de uma consequência, a pro-atividade para fazer mais, o pensar, ter uma perspetiva sobre as coisas, é algo que falta em Portugal. Considero ridículas estas últimas semanas. Não entendo as manifestações que se fazem que não sejam pacíficas. Não sou a favor das multidões em protesto com caras tapadas (se estão lá, deem a cara pelo que lutam), daqueles que batem em polícias e afins. Mais, a culpa do país estar como está não é sua, nem dos sucessivos governos rosas e laranjas com um azul à mistura: a culpa é de todos. Porquê? Porque vivemos com uma Assembleia que pretende ser representativa, existindo, por isso, eleições. A culpa é nossa que vos pusemos nesse pódio onde não merecem estar. Contudo o povo cansou-se da ausência de alternativas, da austeridade, do desemprego, das taxas, dos impostos. E pedem um novo Abril. Para quê? O Abril somos nós, a liberdade é nossa. E é essa liberdade que nos permite sair à rua, que me permite escrever estas linhas. O que nós precisamos é que se recorde que Abril existiu para ser o povo quem “mais ordena”. E a precisarmos de algo, precisamos que nos seja relembrado as nossas funções, os nossos direitos, mas, sobretudo, principalmente, com muita ênfase, os nossos deveres.
Porém, irei partir. Dia 18 de Outubro levarei um cachecol de Portugal ao pescoço e uma bandeira na bagagem de mão. Levarei a Pátria para outra Pátria, levarei a excelência do que todas as pessoas me deram para outro país. Mostrarei o que sou, conquistarei mais. Mas não me esquecerei nunca do que deixei cá. Nunca. Deixo amigos, deixo a minha família. Como posso explicar à minha sobrinha que tem um ano que eu a amo, mas que não posso estar junto dela? Como posso justificar a minha ausência? Como posso dizer adeus aos meus avós, aos meus tios, ao meu pai? Eles criaram, fizeram-me um Homem. Sou sem dúvida um privilegiado. Ainda consigo ter dinheiro para emigrar, o que não é para todos. Sou educado, tenho objetivos, tenho valores. Sou um privilegiado.
E é por isso que lhe faço um último pedido. Por favor, não crie um imposto sobre as lágrimas e muito menos sobre a saudade. Permita-me chorar, odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país, trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia. Permita-me, sim? E verá que nos meus olhos haverá saudade e a esperança de um dia aqui voltar, voltar à minha terra. Voltarei com mágoa, mas sem ressentimentos, ao país que, lá bem no fundo, me expulsou dele mesmo.
Não pretendo que me responda, sinceramente. Sei que ser político obriga a ser politicamente correto, que me desejará boa sorte, felicidades. Prefiro ouvir isso de quem o diz com uma lágrima no coração, com o desejo ardente de que de facto essa sorte exista no meu caminho.
Cumprimentos,
Pedro Marques
Enviada hoje para a Presidência da República.”
http://anastomoses.blogspot.pt/2012/10/carta-de-despedida-presidencia-da.html
————– Actualização ———-
Video da partida de Pedro Marques no seguinte Link: http://www.muitobom.com/carta-de-despedida-cavaco-de-pedro-marques-chegou-aos-media/
sábado, 20 de outubro de 2012
terça-feira, 18 de setembro de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
"O FIM DAS TRÉGUAS
"O FIM DAS TRÉGUAS
Nada deve ter acontecido por acaso. Aparentemente, os mercados, as
agências de notação, a srâ Merkel, o Bundesbank, o FMI e os vários outros
autores da farsa europeia concertaram-se entre si para proporcionar aos
devastados povos da periferia europeia um período de tréguas de que eles
próprios também deviam precisar. Mesmo os vampiros metem férias. E a
Europa viveu um mês e meio de quente pasmaceira, que tanto pode ter
resultado do cansaço acumulado por todos, como significar apenas a trégua
antes do assalto final. Seja qual for a razão, nós, os gregos, os
espanhóis e os italianos, os povos do sul e do sol, vivemos um Verão
tranquilo, em contraste com o massacre das más notícias diárias dos
últimos dois anos. Como se generosamente nos quisessem ter deixado viver,
pela última vez, o esplendor do Verão mediterrânico.
Seria bom poder ficar assim para sempre, com o peso do sol que não nos
deixa abrir os olhos. Mas não, não podemos: também este sol é enganador.
Voltemos à vida, então.
Vamos despertar novamente para a realidade com a visita da troika, para a
semana que vem. O alemão, o etíope e o careca virão dizer que tudo está a
ser feito conforme desejado e previsto: isto é, que estamos no bom
caminho. Segundo o Citigroup, o desemprego em Portugal vai continuar a
crescer indefinidamente, a recessão, cujo fim em 2013 foi antecipado por
Gaspar e Passos Coelho, vai dobrar de um crescimento negativo de 3% este
ano, pelas previsões do Governo, para 6,3% no ano que vem, e a dívida vai
subir para 120% do PIB. E Portugal só sobreviverá com um perdão generoso
da dívida. Ou seja: o diagnóstico da doença foi bem feito pela troika e a
terapia é adequada. O malandro do doente é que não reage ao tratamento.
O processo ideológico de desforra do capital contra trabalho, conhecido
como ajustamento da economia portuguesa, e que consiste fundamentalmente
na promoção deliberada do desemprego e na sua desregulação social, como
forma de embaratecimento do custo do trabalho, não é afinal suficiente e
não produziu os efeitos desejados. Diz-nos o Banco de Portugal que o tal
ajustamento da economia portuguesa tem sido largamente ultrapassado pelo
ajustamento da economia europeia o que faz com que, longe de nos termos
tomado mais competitivos, nos tornámos 10% menos competitivos, em termos
de custos sociais do trabalho. O que é um dado inexplicável, visto que a
Europa não baixou salários, enquanto nós já os fizemos regredir ao nível
de cinquenta anos atrás. Mais um mistério criado por esta brilhante
geração de economistas e ideólogos da economia, que nos trouxeram até onde
estamos. E, se eles não sabem e não conseguem explicar onde está a origem
do problema, sabem qual é a solução: baixar ainda mais os salários e
deixar crescer ainda mais o número de desempregados, como forma de
pressionar em baixa o valor do trabalho contratado.
Quando eu estudei economia, alguns que hoje seriam considerados
ignorantes, como Keynes ou J. K. Galbraith, explicavam que uma economia
com uma taxa de desemprego de 20% era necessariamente uma economia falhada
de um país falhado. Hoje dizem-nos que é uma economia em processo de
ajustamento. Oxalá os burros sejam os velhos.
Quando, há uma dúzia de anos, escrevi e voltei a escrever que Portugal não
precisava de submarinos para nada, chamaram-me ignorante, anti-Forças
Armadas, pouco patriota. Mas eu não me referia apenas à inutilidade da
arma dos submarinos face aos interesses estratégicos de Portugal.
Referia-me também à inutilidade subsequente dos sarilhos que
inevitavelmente acarretaria a compra deles — para o que bastava conhecer
as regras habituais do jogo.
Agora, que escasseia o dinheiro para simplesmente manter os submarinos no
mar, que se atrasa deliberadamente a sua recepção porque não se sabe o que
fazer com eles, agora que se descobre que desapareceram os documentos
relativos à compra e que o Ministério Público se prepara para gulosamente
manter Paulo Portas em eterno mar de suspeitas, como fez com José Sócrates
no caso Freeport, agora julgo que haverá muita gente a pensar em voz baixa
o mesmo que eu escrevi há anos. Mas aquilo que ninguém conseguirá explicar
é a razão pela qual o Estado português assina um contrato que envolve
contrapartidas do fornecedor dos submarinos e, sabendo que a experiência
ensinava que nenhum contrato de contrapartidas era, de facto, cumprido até
ao fim, estabelece neste uma cláusula penal que permite à empresa
fornecedora não cumprir nada, se assim o quiser, e pagar apenas uma multa
no valor de 10% do seu incumprimento. Nem o mais inepto estagiário de
advocacia saído da Universidade Lusófona faria um contrato destes para um
cliente seu. Se querem saber a causa de milhares de milhões de euros
malbaratados pelo Estado português nos últimos anos, procurem-na nos
contratos celebrados em seu nome pelos poucos escritórios-maravi- Ihas de
advogados a que sempre se recorre, seja para comprar submarinos ou para
vender a RTP.
A venda da RTP, o negócio emblemático do ministro Miguel Relvas, segue,
pois, os trâmites habituais: por agora, escolhe-se o escritório de
advogados que há-de dar assessoria jurídica ao negócio, visto que os
advogados do Estado e os da RTP foram tidos como incompetentes para tal. E
escolhe-se também uma outra empresa externa que há-de definir a natureza
estratégica do negócio e o conceito de serviço público do que restar da
RTP, visto que o trabalho produzido sobre o assunto pelas várias comissões
nomeadas por este e anteriores governos não foi julgado válido.
Mas aquilo que nenhum outsourríng, por mais encomendado que seja,
conseguirá explicar é a própria razão da privatização de um canal da RTP.
Se o objectivo fosse o de cortar nos custos da RTP, bastaria fechar o
canal, não havia necessidade o vender. Se o objectivo fosse o de melhorar
a oferta audiovisual (num universo em que a TDT e o Cabo saturaram o
espaço com todo o género de ofertas), dificilmente se entende como é que
tal poderá ser levado a cabo pela Cofina, a misteriosa Ongoing ou a ainda
mais misteriosa empresa angolana cujo único aparente objecto social
consiste em perder dinheiro editando o semanário "Sol".
Todos os responsáveis da TVI, da SIC e da própria RTP, todos os que, de
uma forma profissional estão envolvidos e conhecem o mercado audiovisiual
português, são unânimes e veementes em explicar ao Governo que o
aparecimento de mais um canal generalista, num contexto de profunda
recessão do mercado publicitário, vai significar inevitavelmente a
inviabilidade económica dos já existentes ou um drástico corte de despesas
que terá fatalmente más consequências a nível da programação e da
informação produzidas. Até um inepto estagiário de gestão saído da
Lusófona percebe isto.
Se todos o percebem, se não há razão para imaginar que todo o Governo seja
mais estúpido que o comum das pessoas, e se ninguém se dá sequer ao
trabalho de explicar a razão desta privatização, só resta uma conclusão: o
que o Governo quer é exactamente o enfraquecimento ou o fim das televisões
privadas existentes. Não é por caso ou por ignorância: é por vontade
deliberada.
Entretanto, apareceu agora esse génio incompreendido que é o dr. António
Borges, o Liquidatário-Geral do património público a benefício da
"iniciativa privada", com uma alternativa genial: em lugar de vender, o
Estado concessionava, por 15 ou 20 anos, o lº canal da RTP, depois de
encerrar o segundo; e, em lugar de transferir os habituais 200 milhões/ano
para a RTP pública, passaria a transferir só 140 milhões para a RTP
privada. Assim, segundo o dr. Borges, o Estado poupava dinheiro e nem
sequer vendia a sua televisão. Assim, digo eu, iríamos ter mais uma
privatização que resultaria em despesa e não em receita e alguém iria
receber de mão beijada uma televisão já montada, com nome estabelecido no
mercado, todas as infraestruturas a funcionar, pessoal já qualificado e
mais 140 milhões por ano do Estado. Um case study a "privatização" do dr.
Borges.
Suponho que, neste dossiê, como no da privatização da TAP, seja de mais
esperar que o senhor Presidente da República se incomode com o assunto.
Estamos indefesos.
Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia "
Nada deve ter acontecido por acaso. Aparentemente, os mercados, as
agências de notação, a srâ Merkel, o Bundesbank, o FMI e os vários outros
autores da farsa europeia concertaram-se entre si para proporcionar aos
devastados povos da periferia europeia um período de tréguas de que eles
próprios também deviam precisar. Mesmo os vampiros metem férias. E a
Europa viveu um mês e meio de quente pasmaceira, que tanto pode ter
resultado do cansaço acumulado por todos, como significar apenas a trégua
antes do assalto final. Seja qual for a razão, nós, os gregos, os
espanhóis e os italianos, os povos do sul e do sol, vivemos um Verão
tranquilo, em contraste com o massacre das más notícias diárias dos
últimos dois anos. Como se generosamente nos quisessem ter deixado viver,
pela última vez, o esplendor do Verão mediterrânico.
Seria bom poder ficar assim para sempre, com o peso do sol que não nos
deixa abrir os olhos. Mas não, não podemos: também este sol é enganador.
Voltemos à vida, então.
Vamos despertar novamente para a realidade com a visita da troika, para a
semana que vem. O alemão, o etíope e o careca virão dizer que tudo está a
ser feito conforme desejado e previsto: isto é, que estamos no bom
caminho. Segundo o Citigroup, o desemprego em Portugal vai continuar a
crescer indefinidamente, a recessão, cujo fim em 2013 foi antecipado por
Gaspar e Passos Coelho, vai dobrar de um crescimento negativo de 3% este
ano, pelas previsões do Governo, para 6,3% no ano que vem, e a dívida vai
subir para 120% do PIB. E Portugal só sobreviverá com um perdão generoso
da dívida. Ou seja: o diagnóstico da doença foi bem feito pela troika e a
terapia é adequada. O malandro do doente é que não reage ao tratamento.
O processo ideológico de desforra do capital contra trabalho, conhecido
como ajustamento da economia portuguesa, e que consiste fundamentalmente
na promoção deliberada do desemprego e na sua desregulação social, como
forma de embaratecimento do custo do trabalho, não é afinal suficiente e
não produziu os efeitos desejados. Diz-nos o Banco de Portugal que o tal
ajustamento da economia portuguesa tem sido largamente ultrapassado pelo
ajustamento da economia europeia o que faz com que, longe de nos termos
tomado mais competitivos, nos tornámos 10% menos competitivos, em termos
de custos sociais do trabalho. O que é um dado inexplicável, visto que a
Europa não baixou salários, enquanto nós já os fizemos regredir ao nível
de cinquenta anos atrás. Mais um mistério criado por esta brilhante
geração de economistas e ideólogos da economia, que nos trouxeram até onde
estamos. E, se eles não sabem e não conseguem explicar onde está a origem
do problema, sabem qual é a solução: baixar ainda mais os salários e
deixar crescer ainda mais o número de desempregados, como forma de
pressionar em baixa o valor do trabalho contratado.
Quando eu estudei economia, alguns que hoje seriam considerados
ignorantes, como Keynes ou J. K. Galbraith, explicavam que uma economia
com uma taxa de desemprego de 20% era necessariamente uma economia falhada
de um país falhado. Hoje dizem-nos que é uma economia em processo de
ajustamento. Oxalá os burros sejam os velhos.
Quando, há uma dúzia de anos, escrevi e voltei a escrever que Portugal não
precisava de submarinos para nada, chamaram-me ignorante, anti-Forças
Armadas, pouco patriota. Mas eu não me referia apenas à inutilidade da
arma dos submarinos face aos interesses estratégicos de Portugal.
Referia-me também à inutilidade subsequente dos sarilhos que
inevitavelmente acarretaria a compra deles — para o que bastava conhecer
as regras habituais do jogo.
Agora, que escasseia o dinheiro para simplesmente manter os submarinos no
mar, que se atrasa deliberadamente a sua recepção porque não se sabe o que
fazer com eles, agora que se descobre que desapareceram os documentos
relativos à compra e que o Ministério Público se prepara para gulosamente
manter Paulo Portas em eterno mar de suspeitas, como fez com José Sócrates
no caso Freeport, agora julgo que haverá muita gente a pensar em voz baixa
o mesmo que eu escrevi há anos. Mas aquilo que ninguém conseguirá explicar
é a razão pela qual o Estado português assina um contrato que envolve
contrapartidas do fornecedor dos submarinos e, sabendo que a experiência
ensinava que nenhum contrato de contrapartidas era, de facto, cumprido até
ao fim, estabelece neste uma cláusula penal que permite à empresa
fornecedora não cumprir nada, se assim o quiser, e pagar apenas uma multa
no valor de 10% do seu incumprimento. Nem o mais inepto estagiário de
advocacia saído da Universidade Lusófona faria um contrato destes para um
cliente seu. Se querem saber a causa de milhares de milhões de euros
malbaratados pelo Estado português nos últimos anos, procurem-na nos
contratos celebrados em seu nome pelos poucos escritórios-maravi- Ihas de
advogados a que sempre se recorre, seja para comprar submarinos ou para
vender a RTP.
A venda da RTP, o negócio emblemático do ministro Miguel Relvas, segue,
pois, os trâmites habituais: por agora, escolhe-se o escritório de
advogados que há-de dar assessoria jurídica ao negócio, visto que os
advogados do Estado e os da RTP foram tidos como incompetentes para tal. E
escolhe-se também uma outra empresa externa que há-de definir a natureza
estratégica do negócio e o conceito de serviço público do que restar da
RTP, visto que o trabalho produzido sobre o assunto pelas várias comissões
nomeadas por este e anteriores governos não foi julgado válido.
Mas aquilo que nenhum outsourríng, por mais encomendado que seja,
conseguirá explicar é a própria razão da privatização de um canal da RTP.
Se o objectivo fosse o de cortar nos custos da RTP, bastaria fechar o
canal, não havia necessidade o vender. Se o objectivo fosse o de melhorar
a oferta audiovisual (num universo em que a TDT e o Cabo saturaram o
espaço com todo o género de ofertas), dificilmente se entende como é que
tal poderá ser levado a cabo pela Cofina, a misteriosa Ongoing ou a ainda
mais misteriosa empresa angolana cujo único aparente objecto social
consiste em perder dinheiro editando o semanário "Sol".
Todos os responsáveis da TVI, da SIC e da própria RTP, todos os que, de
uma forma profissional estão envolvidos e conhecem o mercado audiovisiual
português, são unânimes e veementes em explicar ao Governo que o
aparecimento de mais um canal generalista, num contexto de profunda
recessão do mercado publicitário, vai significar inevitavelmente a
inviabilidade económica dos já existentes ou um drástico corte de despesas
que terá fatalmente más consequências a nível da programação e da
informação produzidas. Até um inepto estagiário de gestão saído da
Lusófona percebe isto.
Se todos o percebem, se não há razão para imaginar que todo o Governo seja
mais estúpido que o comum das pessoas, e se ninguém se dá sequer ao
trabalho de explicar a razão desta privatização, só resta uma conclusão: o
que o Governo quer é exactamente o enfraquecimento ou o fim das televisões
privadas existentes. Não é por caso ou por ignorância: é por vontade
deliberada.
Entretanto, apareceu agora esse génio incompreendido que é o dr. António
Borges, o Liquidatário-Geral do património público a benefício da
"iniciativa privada", com uma alternativa genial: em lugar de vender, o
Estado concessionava, por 15 ou 20 anos, o lº canal da RTP, depois de
encerrar o segundo; e, em lugar de transferir os habituais 200 milhões/ano
para a RTP pública, passaria a transferir só 140 milhões para a RTP
privada. Assim, segundo o dr. Borges, o Estado poupava dinheiro e nem
sequer vendia a sua televisão. Assim, digo eu, iríamos ter mais uma
privatização que resultaria em despesa e não em receita e alguém iria
receber de mão beijada uma televisão já montada, com nome estabelecido no
mercado, todas as infraestruturas a funcionar, pessoal já qualificado e
mais 140 milhões por ano do Estado. Um case study a "privatização" do dr.
Borges.
Suponho que, neste dossiê, como no da privatização da TAP, seja de mais
esperar que o senhor Presidente da República se incomode com o assunto.
Estamos indefesos.
Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia "
O cano de uma pistola pelo cu
"O cano de uma pistola pelo cu
Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.
Fonte: http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO056741.html?page=0
Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.
Fonte: http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO056741.html?page=0
terça-feira, 21 de agosto de 2012
O Sermão da montanha - versão para educadores
Naquele
tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre
uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se
aproximassem. Ele preparava-os para serem os educadores capazes de transmitir a Boa Nova a todos os homens.
Tomando a palavra, disse-lhes:
- Em verdade, em verdade vos digo:
- Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
- Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
- Felizes os misericordiosos, porque eles...?
- Em verdade, em verdade vos digo:
- Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
- Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
- Felizes os misericordiosos, porque eles...?
Pedro interrompeu-o:
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?
André perguntou:
- É pra copiar?
- É pra copiar?
Filipe lamentou-se:
- Esqueci o meu papiro!
- Esqueci o meu papiro!
Bartolomeu quis saber:
- Vai sair no teste?
- Vai sair no teste?
João levantou a mão:
- Posso ir à casa de banho?
- Posso ir à casa de banho?
Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?
- O que é que a gente vai ganhar com isso?
Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!
- Foi o outro Judas que perguntou!
Tomé questionou:
- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?
- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?
Tiago Maior indagou:
- Vai contar pra nota?
- Vai contar pra nota?
Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandalhão à minha frente!
- Não ouvi nada, com esse grandalhão à minha frente!
Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não percebi nada, ninguém percebeu nada!
- Eu não percebi nada, ninguém percebeu nada!
Um
dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem
ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula? Onde está a sua planificação e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos? Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula? Onde está a sua planificação e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos? Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?
Caifás emendou:
- Fez uma planificação que inclua os temas transversais e as atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?
- Fez uma planificação que inclua os temas transversais e as atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?
Pilatos, sentado lá no fundo, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto. E veja lá se não vai reprovar alguém!
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto. E veja lá se não vai reprovar alguém!
segunda-feira, 23 de julho de 2012
terça-feira, 10 de julho de 2012
informá-lo de que V. Exa. está pejadinho de inconstitucionalidades
"Caro
funcionário da República, venho por este meio informá-lo de que V. Exa.
está pejadinho de inconstitucionalidades. É, pelo menos, o que ouvi
dizer. E quem o diz não é um qualquer. Se aplicarmos com rigor o
princípio da equidade invocado pelo Tribunal Constitucional (TC),
chegamos a várias inconstitucionalidades no estatuto do funcionário
público. Para começar, V. Exa. não enfrenta o fantasma da falência,
ao contrário do mero mortal que trabalha lá fora, esse sítio onde se
fazem contas à vidinha. A falência do seu patrão é uma impossibilidade
física e metafísica. Ou melhor, o seu patrão até pode abrir falência,
mas há sempre uma troika e os impostos de toda a gente para o salvar.
Eis, portanto, a primeira inconstitucionalidade, que é a causa da
segunda: V. Exa. não enfrenta o espetro do desemprego. A lei,
escrita e não-escrita, protege o funcionário público do despedimento.
Quando uma empresa deixa de facturar, os trabalhadores vão para o
desemprego, porque a dita empresa tem de fechar portas. Quando deixa de
fazer sentido, uma repartição pública continua aberta. Pior: se, num
acto de loucura, o governo decide fechar a repartição, os funcionários
não são despedidos; são inseridos num quadro de excedentários. Na vida
real, lá fora, onde faz frio, não existem estas redes de segurança
inconstitucionalíssimas.
Em terceiro lugar, parece que a Caixa Geral de Aposentações de V. Exa. garante reformas num regime privilegiado em relação ao resto da população
. E o que dizer da ADSE, a quarta inconstitucionalidade? Durante anos e
anos (décadas?), este exclusivo dos funcionários públicos foi o grande
seguro de saúde do país. Agora, a ADSE parece que está em declínio, mas
isso não apaga os benefícios usufruídos nos anos de glória da ADSE
e não invalida a situação de privilégio ainda existente: um utente
normal tem de ir ao SNS, mas V. Exa. pode ir à clínica/hospital privado
de sua preferência. Durante anos e anos, esta foi a maior
inconstitucionalidade: a melhor parte da saúde financiada pelo Estado era um privilégio de V. Exa. O
TC e os profetas da equidade nunca abriram a boca sobre este assunto e a
expansão da ADSE à população inteira foi sempre um tabu
inconstitucionalíssimo.
Quinta inconstitucionalidade? A taxa de absentismo de V. Exa. é seis
vezes superior à das empresas normais e essas empresas nunca tiveram a
prática das promoções automáticas, outro mistério inconstitucional (o
sexto). Sétima? Por que razão a percentagem do PIB português utilizada para pagar salários da função pública é superior à média europeia?
Oitava? Bom, poderíamos estar aqui o dia todo, poderíamos chegar até à
vigésima, mas por hoje já chega, meu caro amigo. Já estou a transbordar
de inconstitucionalidade, já tenho alíneas de privilégio a sair pelas
orelhas. Para terminar, e enquanto espero pelas considerações do TC
sobre estas alíneas, só queria dizer que continuarei aqui nas galés,
remando ao som do batuque inconstitucionalíssimo de V. Exa. " Ler mais: http://expresso.sapo.pt/caro-funcionario-publico-v-exa-e-inconstitucional=f738257#ixzz20Aplty8G
terça-feira, 29 de maio de 2012
O carácter internacionalista do povo Português!
Se tem um problema intrincado
Vê-se grego
Se não compreende alguma coisa
"Aquilo" é chinês
Se trabalha de manhã à noite
Trabalha que nem um mouro
Se vê uma invenção moderna
É uma americanice
Se alguém fala muito depressa
Fala que nem espanhol
Se alguém vive com luxo
Vive à grande e à francesa
Se alguém quer causar boa impressão
É só para inglês ver
Se alguém tenta regatear um preço
É pior que cigano!
Se alguém é agarrado ao dinheiro
É pior que judeu
Se vê alguém a divertir-se
Está a gozar que nem um preto
Se vê alguém com um fato claro vestido
Parece um brasileiro
Se vê uma loura alta e boa
Parece uma autêntica sueca
Se quer um café curtinho
Pede uma italiana
Se vê horários serem cumpridos
É pontualidade britânica
Se vê um militar bem fardado
Parece um soldado alemão
Se uma máquina funciona bem
É como um relógio suíço
Mas quando alguma coisa corre mal
É "à PORTUGUESA"
Fonte: email
Vê-se grego
Se não compreende alguma coisa
"Aquilo" é chinês
Se trabalha de manhã à noite
Trabalha que nem um mouro
Se vê uma invenção moderna
É uma americanice
Se alguém fala muito depressa
Fala que nem espanhol
Se alguém vive com luxo
Vive à grande e à francesa
Se alguém quer causar boa impressão
É só para inglês ver
Se alguém tenta regatear um preço
É pior que cigano!
Se alguém é agarrado ao dinheiro
É pior que judeu
Se vê alguém a divertir-se
Está a gozar que nem um preto
Se vê alguém com um fato claro vestido
Parece um brasileiro
Se vê uma loura alta e boa
Parece uma autêntica sueca
Se quer um café curtinho
Pede uma italiana
Se vê horários serem cumpridos
É pontualidade britânica
Se vê um militar bem fardado
Parece um soldado alemão
Se uma máquina funciona bem
É como um relógio suíço
Mas quando alguma coisa corre mal
É "à PORTUGUESA"
Fonte: email
sexta-feira, 4 de maio de 2012
O que significa @
Durante a Idade Média os livros eram escritos pelos copistas, à mão.
Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era de ordem económica: tinta e papel eram valiosíssimos.
Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era de ordem económica: tinta e papel eram valiosíssimos.
Assim,
surgiu o til (~), para substituir o m ou n que nasalizava a vogal
anterior. Se reparar bem, você verá que o til é um n sobre a
letra.
O
nome espanhol Francisco, também grafado Phrancisco, foi abreviado para
Phco e Pco ? o que explica, em Espanhol, o apelido Paco.
Ao citarem os santos, os copistas os identificavam por algum detalhe significativo de suas vidas.
O nome de São José, por exemplo, aparecia
seguido de Jesus Christi Pater Putativus, ou seja, o pai putativo
(suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adotar a
abreviatura JHS PP, e depois simplesmente PP. A pronúncia dessas letras
em sequência explica por que José, em Espanhol, tem o apelido de Pepe.
Já
para substituir a palavra latina et (e), eles criaram um símbolo que
resulta do entrelaçamento dessas duas letras: o &, popularmente
conhecido como e comercial, em Português, e, ampersand, em Inglês,
junção de and (e, em Inglês), per se (por si, em Latim) e and.
E
foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os copistas
criaram o símbolo @, para substituir a preposição latina ad, que tinha,
entre outros, o sentido de casa de.
Foram-se
os copistas, veio a imprensa, mas os símbolos @ e & continuaram
firmes nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de
unidades da mercadoria e o preço.
Por exemplo: o registo contabilístico 10@£3
significava 10 unidades ao preço de 3 libras cada uma.
significava 10 unidades ao preço de 3 libras cada uma.
Nessa época, o símbolo @ significava, em Inglês, at (a ou em).
No
século XIX, na Catalunha (Espanha), o comércio e a
indústria procuravam imitar as práticas comerciais e contabilísticos dos
ingleses. E, como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses
davam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo devia ser uma
unidade de peso. Para isso contribuíram duas coincidências:
1- a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba;
2- os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma
arroba.
Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registo de 10@£3 assim: dez arrobas custando 3 libras cada uma. Então, o símbolo @ passou a ser usado por eles para designar a arroba.
O
termo arroba vem da palavra árabe ar-ruba, que significa a quarta
parte: uma arroba ( 15 kg , em números redondos) correspondia a 1/4 de
outra medida de origem árabe, o quintar, que originou o vocábulo
português quintal, medida de peso que equivale a 58,75 kg .
As máquinas de escrever, que começaram a ser comercializadas na sua forma definitiva há dois séculos, mais precisamente em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais dactilografados), trouxeram em seu teclado o símbolo @, mantido no de seu sucessor - o computador.
Então,
em 1972, ao criar o programa de correio electrónico (o e-mail), RoyTomlinson usou o símbolo @ (at), disponível no teclado dessa máquina,
entre o nome do usuário e o nome do provedor.
E foi assim que Fulano@Provedor X ficou significando Fulano no provedor X.
Na
maioria dos idiomas, o símbolo @ recebeu o nome de alguma coisa
parecida com sua forma:
em Italiano, chiocciola (caracol);
em Sueco,
snabel (tromba de elefante);
em Holandês, apestaart (rabo de macaco).
Em
alguns, tem o nome de certo doce de forma circular: shtrudel, em
iídisch; strudel, em alemão; pretzel, em vários outros idiomas europeus.
No nosso, manteve sua denominação original: arroba.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Morreu o «pai» do primeiro computador pessoal Jack Tramiel tinha 83 anos
1.º Computador |
A sua morte ocorreu no passado domingo e foi agora divulgada pela família.
Em 1982, Jack Tramiel lançou o primeiro computador pessoal, o Commodore' 64, que se tornou no computador mais vendido de todos os tempos, com 20 a 30 milhões de unidades em todo o mundo, de acordo com o site CNET.
Jack Tramiel foi fundador da Commodore International e também antigo CEO da Atari International.
Em 1984, comprou a divisão de consumo da Atari para tentar salvar a empresa, que passava por dificuldades económicas. A sua presença na Atari durou até 1996, onde supervisionou produtos como o Atari ST.
Sobrevivente de Auschwitz
Jack Tramiel nasceu na Polónia no seio de uma família judaica, em 1928. Foi salvo do campo de concentração de Auschwitz em abril de 1945, tendo emigrado para os Estado Unidos dois anos depois.
Começou por reparar máquinas de escrever, tendo passado para calculadoras e, mais tarde, para os computadores.
Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/tecnologia/jack-tramiel-tecnologia-commodore-computador-ultimas-noticias-tvi24/1339866-4069.html
segunda-feira, 2 de abril de 2012
quarta-feira, 28 de março de 2012
segunda-feira, 26 de março de 2012
Boas ideias ...
Descasque os morangos usando um
canudo.
Esfregue uma noz nos
móveis para disfarçar arranhões.
Arrume as roupas de cama dentro
das fronhas.
Aumente o volume do iPhone
colocando-o numa tigela.
Reutilize a embalagem de lenços
húmidos para armazenar os sacos de plástico.
Para encontrar pequenos objectos
perdidos, coloque um pano sobre a mangueira do aspirador.
Dobre com perfeição um lençol.
Use as toucas de banho dos
Hotéis para guardar os seus sapatos usados em viagens.
Guarde as suas embalagens de
limpeza pendurando-as numa barra.
Congele Aloe Vera em formas de
gelo para alívio de queimaduras solares.
Criar uma horta caseira usando
calhas fixadas nas paredes.
Promover a requalificação de desempregados...
Tirador de cortiça, preparador de sumos, técnico de dinamização de redes sociais, maquinista de comboios ou operador de call center.
Estas estão entre as 129 profissões que foram definidas como estratégicas para o País, com o objectivo de promover a requalificação de desempregados.
A lista consta do relatório preliminar elaborado do grupo de trabalho criado para o efeito, composto por representantes dos parceiros sociais, do IEFP, da Agência Nacional para a Qualificação e do gabinete de planeamento do Ministério da Economia. O grupo de trabalho concentrou-se nas profissões com potencial de expansão e que, simultaneamente, possam ser ocupadas por pessoas com o ensino secundário e pós-secundário.
A escolha baseia-se em estudos que projectam uma criação líquida de 495 mil postos de trabalho, em 2020, em sectores como o turismo, a construção os transportes ou a energia. É nesta lista que se baseará a requalificação de 20 mil desempregados, de acordo com o objectivo previsto no acordo tripartido assinado em Março.
A lista deverá orientar os programas de formação profissional já a partir do segundo semestre deste ano e servir de base à reformulação do Catálogo Nacional de Qualificações, que deverá incluir cerca de 60 novas profissões.
Saiba quais são:
Metalurgia e metalomecânica
Profissões transversais aos sectores
Estas estão entre as 129 profissões que foram definidas como estratégicas para o País, com o objectivo de promover a requalificação de desempregados.
A lista consta do relatório preliminar elaborado do grupo de trabalho criado para o efeito, composto por representantes dos parceiros sociais, do IEFP, da Agência Nacional para a Qualificação e do gabinete de planeamento do Ministério da Economia. O grupo de trabalho concentrou-se nas profissões com potencial de expansão e que, simultaneamente, possam ser ocupadas por pessoas com o ensino secundário e pós-secundário.
A escolha baseia-se em estudos que projectam uma criação líquida de 495 mil postos de trabalho, em 2020, em sectores como o turismo, a construção os transportes ou a energia. É nesta lista que se baseará a requalificação de 20 mil desempregados, de acordo com o objectivo previsto no acordo tripartido assinado em Março.
A lista deverá orientar os programas de formação profissional já a partir do segundo semestre deste ano e servir de base à reformulação do Catálogo Nacional de Qualificações, que deverá incluir cerca de 60 novas profissões.
Saiba quais são:
- Turismo Técnico de gestão de canais online
- Técnico de gestão de reputação online
- Técnico de marketing digital Recepcionista
- Técnico de vinhos / escanção
- Operador de manutenção hoteleira
- Técnico de gestão de restauração e bebidas
- Operador de manutenção em campo de golfe
- Técnico especialista de gestão de turismo
- Operador online de agência de viagens
- Técnico de turismo
- Técnico gestor de produto turístico
- Técnico de organização de eventos
- Promotor de turismo
- Técnico gestor de acompanhamento em saúde
- Técnico de saúde e reabilitação (Wellness) Energia e Ambiente
- Técnico instalador de sistemas solares térmicos
- Técnico especialista em energias renováveis
- Técnico de gás Técnico instalador de sistemas solares fotovoltaicos
- Técnico instalador de sistemas eólicos
- Técnicos instalador de sistemas de bioenergia
- Técnico de instalações eléctricas
- Técnico de redes de BT e MT
- Electricista de instalações
- Técnico de jardinagem e espaços verdes
- Técnicos de Rega Técnico de gestão de resíduos perigosos
- Operador de sistemas de tratamento de resíduos sólidos
- Electromecânico de refrigeração e climatização
- Técnico de refrigeração e climatização
- Técnico de verificação da qualidade do ar
- Técnico de acústica Mobilidade e Transportes
- Técnico de transportes Operador de tráfego
- Operador de armazenagem
- Técnico de electrónica e telecomunicações
- Técnico de logística Operador de equipamentos / manobrador
- Motorista de veículos pesados de mercadorias
- Coordenador de transporte ferroviário Maquinista de comboios
- Operador de sistemas de transporte
- Técnico de manutenção de aeronaves
- Técnico de Operações Aeroportuárias
- Técnico de preparação, planeamento e contas
- Técnico de socorros e emergência de aeródromo
- Técnico de preparação, planeamento e compras Saúde
- Técnicos e assistentes farmacêuticos
- Assistente familiar e de apoio à comunidade
- Técnico auxiliar de acção médica
- Tecnologias de informação, comunicação e electrónica
- Técnico de electrónica médica
- Técnico especialista de gestão de redes e sistemas informáticos
- Técnico especialista em telecomunicações e redes
- Técnico especialista em telecomunicações e sistemas
- Técnico de apoio ao Desenvolvimento Industrial e Competitividade
- Técnico especialista em organização e gestão industrial Mecânico reparador de equipamentos electrónicos
- Instalador e reparador de tecnologias de informação e comunicação Têxteis, vestuário, calçado e ourivesaria
- Técnico de materiais têxteis / tecnologia
- Controlador de qualidade do produto têxtil Gestão do produto, de encomendas e fornecimentos
- Técnico de design têxtil e moda
- Técnico de tecelagem Comércio e Serviços
- Técnico de dinamização de redes sociais
- Técnico de apoio à comunicação com o cliente
- Animador sociocultural
- Operadores de recolha de informação
- Técnico de comércio internacional e de prospecção de mercado
- Técnico comercial Técnico de vitrinismo
- Técnico de merchandising
- Técnico de vendas Técnico de marketing
- Técnico de comércio electrónico
- Operador de contact ou call center Esteticista / Cosmetologista
- Agricultura e agro-alimentar
- Agricultor biológico
- Apicultor
- Controlador de qualidade dos produtos agrícolas Agricultor (floricultor, fruticultor, horticultor)
- Operador agrícola Operador de máquinas agrícolas
- Operador agro-pecuário
- Técnico de controlo de qualidade alimentar
- Técnico / consultor florestal - assistência e apoio técnico
- Técnico de manutenção de máquinas e equipamento agrícola
- Trabalhador de estufa qualificado
- Tirador de cortiça
- Operador florestal Técnico / consultor florestal - assistência e apoio técnico
- Sapador florestal
- Operador fabril Técnico de produção
- Formulador / Preparador de sumos
- Operador qualificado
- Controlador de sanidade industrial
- Construção Canalizador
- Assentador de refractários
- Trabalhador qualificado em isolamentos acústicos e térmicos
- Montador de tubagens
- Electromecânico de electrodomésticos
- Condutor manobrador de equipamentos de movimentação de terras
- Pedreiro
- Mobiliário e Madeira
- Operador de transformação da cortiça
Metalurgia e metalomecânica
- Técnico de desenho de construções metalomecânicas
- Técnico especialista em Projecto Construções Metalomecânicas
- Técnico preparador de trabalho Serralheiro mecânico;
- Moldes, cunhos e cortantes
- Técnico de maquinação e programação CNC
- Técnico de manutenção industrial de metalúrgica e metalomecânica
- Soldador
- Técnico especialista em Gestão da Produção (supervisor da produção)
- Electromecânico de manutenção industrial
- Técnico de manutenção industrial de metalúrgica e metalomecânica
Profissões transversais aos sectores
- Técnico de segurança e saúde no trabalho
- Técnico de relações laborais
- Técnico de qualidade
- Técnico de manutenção e reparação de instalações
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