segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

TSH pense nisso.



sábado, 19 de outubro de 2013

7 Coisas Inventadas Por Mulheres (sabia?)

Sabia que a máquina de lavar loiça ou o Monopólio saíram de cérebros femininos? 

Venha connosco ao mundo das inventoras menos célebres.


É difícil saber ao certo quantas invenções foram de autoria feminina, porque até muito tarde as mulheres não podiam registar legalmente qualquer patente. Muitas vezes, as suas invenções ficavam de facto no nome dos maridos. Algumas inventoras ficaram para a História, como Marie Curie. Mas outras invenções que se sabe serem de autoria de mulheres foram:

1 – A Máquina de lavar loiça – Podiamos pensar que a máquina de lavar foi inventada por uma pobre mulher e mãe de família esfalfada de tanto prato e travessa suja, mas não: a inventora foi Josephine Cochrane, uma ‘socialite’ deixada na penúria pelo marido em1883. Em vez de vender a sua rica porcelana, preferiu inventar uma máquina para a lavar e assim ver-se livre de criadas deastradas. A princípio, os primeiros a adotarem a invenção foram hotéis e restaurantes, mas em breve a máquina chegou às casas particulares.  
2 – A Programação informática – Ada Byron foi uma das mulheres mais fascinantes de sempre: filha de um breve casamento do poeta inglês Lord Byron (que nunca viu), Ada foi posta pela mãe a aprender matemática para contrariar as suas perigosas ‘tendências’ poéticas. A primeira invenção de Ada foi uma curiosa mistura das duas: uma máquina de voar...Mas não foi isso que a tornou famosa. Com apenas 17 anos, Ada começou a trabalhar com um professor de matemática, Charles Babbage, numa elaborada máquina de calcular mecânica (que acabou por não ser construída). Um marido e três filhos não foram o suficiente para afastá-la da matemática, e os seus estudos reúnem aquilo que foi mais tarde aceite como o primeiro programa de computador. Ada morreu de cancro, aos 37 anos, em 1852. Escusado será dizer que não viu nenhum computador, e o resto do mundo teria de esperar mais de 100 anos para ver um.

3 - O Limpa-pára brisas – Está bem, não é a lâmpada nem a televisão, mas experimentem tentar guiar numa noite escura e tempestuosa com a chuva a cair sem parar... Aliás, foi exatamente o que pensou a sua inventora, a americana Mary Anderson, que em 1903 viajava do Alabama até Nova Iorque. Pronto, podia ter inventado a Easy Jet, mas não se pode pensar em tudo ao mesmo tempo.

4 – O Monopólio – Foi criado pela americana Elizabeth Magie Pillips, com a intenção de ser uma simples ferramenta para ensinar teoria económica, e chamava-se ‘o Jogo do Proprietário’. Como percebia mais de economia do que de marketing, foi preciso chegar um homem, Charles Darrow, para aproveitar o potencial da coisa e o lançar como jogo de tabuleiro, em 1935.

5 – Painéis solares – Pois foi outra mulher, aliás duas, e outra americana, aliás duas, talvez fartas daquilo que pagavam em eletricidade: a cientista Maria Telkes, juntamente com a arquiteta Eleanor Raymond, assinaram a primeira casa com aquecimento solar, nos anos 40, inseridas na equipa do  Solar Energy Research Project do Massachussett's Institute of Technology.

6 – A Cerveja – Pronto, é verdade, não se sabe ao certo quem inventou a longínqua cerveja, tal como não se sabe quem inventou o vinho, mas segundo um estudo brasileiro a arte da cerveja foi, há muito tempo, apanágio das mulheres. Na Mesopotâmia e na Suméria, as mulheres era as únicas especialmente habilitadas a fabrircar cerveja e mesmo a gerir as ‘tabernas’ da altura. Enfim, talvez bebessem menos mercadoria e fizessem menos estragos no negócio...

7 – A saída de emergência -  Não se sabe para que precisou ela de uma saída de emergência, mas as primeiras escadas foram inventadas por uma senhora chamada Anna Connely, em 1897. Ainda hoje se chamam o modelo Connely, e rapidamente se tornaram obrigatórias em todos os prédios.

fonte: 
Activa.pt
17 Outubro 2013, 17:53

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Os 12 erros mais comuns

Debitar uma resposta memorizada, em vez de apostar na capacidade de pensar pela própria cabeça, não é uma boa solução.
Peça-se num exame que os alunos identifiquem com um "v" de "verdadeiro" as afirmações, entre várias apresentadas numa lista, que sustentem uma determinada hipótese. E é quase certo que vários identificarão com um "v" todas as afirmações que consideram verdadeiras - independentemente de apoiarem ou não a hipótese apresentada. E assim se falha uma resposta. O exemplo serve para ilustrar um dos erros frequentes dos estudantes quando fazem exames: não lêem a pergunta até ao fim. Ganham minutos, mas perdem pontos.
A duas semanas de começarem os exames nacionais do básico e do secundário, pedimos a professores de diferentes áreas que nos ajudassem a fazer uma lista de erros frequentes. Alguns são fáceis de adivinhar. Outros, mais surpreendentes. Há quem aconselhe umas boas horas de desporto vigoroso na véspera da prova.
1. Não estudar com tempo
É bom que cada um encontre a sua própria forma de optimizar o tempo de estudo e de ser eficaz, nota José Morgado, professor do Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Mas a verdade é que o tempo que os alunos dedicam a preparar-se para as provas é, muitas vezes, insuficiente.
"Uma parte significativa não se prepara com a antecedência devida", diz Miguel Barros, vice-presidente da Associação de Professores de História (APH). Muitos deixam para a véspera das provas o estudo das matérias obrigatórias, continua Paula Gonçalves, professora de Filosofia e coordenadora do centro de explicações Ás de Saber. "Revelam um estudo pouco sistemático, mal organizado, sem a elaboração prévia de resumos, os quais, quando realizados ao longo do ano lectivo, simplificam muito a preparação mais específica e intensiva que antecede os exames", afirma.
O local de estudo também pode fazer a diferença. Miguel Barros nota que "muitos alunos não estudam em ambientes propícios à concentração - não desligam a televisão, a Internet ou os telemóveis, por exemplo".
2. Stress a mais
"Quando iniciam o estudo, é frequente entrarem em pânico face à enormidade da tarefa, o que os leva a situações de stress e, no limite, ao uso de fármacos que, supostamente, os auxiliarão a concluir com sucesso o que se pretende", diz o dirigente da APH. Eis outro erro frequente. José Morgado sublinha a importância de se tentar "lidar de forma serena com a pressão ou expectativas que, muitas vezes, pais, professores ou os próprios colocam - e que, para alguns alunos, podem tornar-se parte do problema". 
À medida que o exame se aproxima, os nervos aumentam. E, no dia da prova, ainda pior - sendo que, tendencialmente, os mais pequeninos são mais sensíveis, explica Fernando Nunes, ex-presidente da Associação de Professores de Matemática.
O excesso de tensão, diz este professor, é um grande inimigo. Leva os alunos a cometer erros, sobretudo se no exame se confrontam com algo "novo", uma pergunta feita de forma diferente daquela que é habitual, por exemplo. O último relatório disponível do Gabinete de Avaliação Educacional, sobre os exames, confirma esta ideia: em 2011, nos exames de Matemática do 9.º e do 12.º ano, por exemplo, os alunos revelaram dificuldades na interpretação de algumas questões, sobretudo quando estas envolviam "estratégias não habituais".
3. Ter excesso de confiança
Muitos alunos consideram que não precisam de fazer uma preparação "mais específica e direccionada" para os exames porque julgam que já conhecem a matéria, diz Paula Gonçalves. Acham, portanto, que não precisam de praticar. Mas atenção ao excesso de confiança: "A realização contínua de exercícios permite fazer um levantamento dos próprios erros procurando superá-los e, além disso, obriga a analisar os critérios de correcção dos exames procurando responder à questão "em que é que eu não posso falhar?"."
4. Ler só resumos
Cada vez mais se nota que os alunos não lêem as obras integrais que são obrigatórias, notam alguns professores. Isto vale, nomeadamente, para quem está a preparar-se para o exame de Português. Os resumos das obras não chegam!
5. Ir de directa
Ir para o exame com uma noite mal dormida é um erro frequente. "Metade da nota consegue-se com estudo, a outra metade com os neurónios em actividade máxima... o que implica uma cabeça fresca!", diz Paula Canha, professora de Biologia e Geologia. "Aconselho os meus alunos a praticarem desporto vigoroso no final do dia anterior ao exame, pelo menos oito horas de sono e uma refeição decente antes do exame. Assim, a concentração e a capacidade de raciocínio estarão no seu máximo."
6. Não ler as perguntas
Até que chega aquele momento em que o professor distribui o exame. "Às vezes nem lêem o enunciado completo!" O desabafo é de Paula Canha, mas é partilhado por vários professores. "Dizem que a meio já achavam que tinham percebido o que era para responder, mas afinal... Exemplo: uma pergunta de V/F [Verdadeiro/Falso] em que é para indicar as afirmações que apoiam uma determinada hipótese. Eles partem do princípio que é para assinalar as frases como verdadeiras ou falsas, ignorando o segundo requisito do enunciado", continua a professora de Biologia.
Não dedicar o tempo necessário à leitura das perguntas leva a erros de interpretação, diz também Miguel Barros. Sem compreender bem o que é pedido, dificilmente se dá a resposta certa, e isto é verdade para todas as disciplinas, diz Paula Gonçalves.
7. Não planear as respostas
Para além de compreender as perguntas é preciso "preparar e planear as respostas", diz José Morgado. "A resposta imediata pode ser desajustada ou "ao lado"." É importante avaliar o que é mesmo "essencial", referir e o que é "acessório" - sendo que o acessório também se pode incluir, e até pode ser relevante, em questões de "desenvolvimento".
8. Debitar o que se decorou
"Muitos alunos desenvolvem na sua cabeça a resposta certa, mas como não confiam na sua capacidade de raciocínio, preferem procurar na memória alguma coisa que tenham ouvido na aula ou estudado no manual e que possa colar-se àquela situação", diz Paula Canha. Miguel Barros dá o exemplo do que se passa na sua área científica: "Apesar de nos exames de História se privilegiar a interpretação de fontes, devendo a informação recolhida nessas fontes ser integrada, de forma crítica, nas respostas, um número significativo de alunos continua a achar que o que interessa é "decorar a matéria" e "despejá-la" nas respostas. Isto dá origem a erros de análise - vêem nas questões aquilo que querem ver, dando origem a respostas longas mas que ficam muito aquém daquilo que se pretende."
9. Não ser assertivo
Ser objectivo e assertivo dá pontos, diz Paula Gonçalves. "Muitos alunos têm tendência para o excesso de informação numa resposta, tornando-a pouco assertiva. A objectividade é muito bem cotada num exame."
10. Não gerir o tempo
O exame deve ser visto como um todo, diz Miguel Barros. Mas a maioria dos alunos não é assim que lida com o enunciado da prova. "Como não olham para o exame como um todo, mas antes como uma lista de questões, não planeiam com cuidado o tempo de que vão necessitar. Perdem, frequentemente, demasiado tempo com questões de nível mais elementar (do tipo refere, enumera...), que são menos pontuadas, acabando por não ter tempo suficiente para responder a questões mais complexas, que implicam uma maior reflexão."
Mas isto de gerir o tempo não é coisa fácil. Ficar "bloqueado" numa resposta que parece supercomplicada também pode acabar por significar que não se tem tempo para responder a outras eventualmente mais fáceis, lembra José Morgado.
Fernando Nunes lembra que o "tempo" não é, geralmente, um factor muito valorizado no processo de ensino-aprendizagem - mais cinco minutos, menos cinco minutos, o que interessa aos professores na sala de aula é que os jovens acabem por conseguir resolver o problema. No exame, tudo é diferente. Fica a sugestão: "Se acham que estão a levar demasiado tempo com uma pergunta que não estão a conseguir responder, passem para outra, porque elas não têm todas o mesmo grau de dificuldade."
11. Não rever as respostas
É fundamental voltar a reler as respostas do exame para perceber se existe coerência no que foi exposto e poder detectar erros e falhas.
12. Não usar as tabelas
Textos, tabelas, gráficos e exemplos não servem para embelezar o exame, diz Paula Gonçalves. Muitos alunos ignoram o recurso a estes documentos de apoio que constam de alguns enunciados e que muito podem valorizar uma resposta.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A importância de conhecer a cultura do cliente

Era uma vez...

Um vendedor da Coca-Cola volta de uma temporada no Egito e conversa com um amigo sobre a dificuldade que teve por lá. 
O amigo pergunta:  
- Por que não conseguiste ter sucesso com os egípcios?
O vendedor disse: 
  - Quando fui designado para o Oriente Médio, estava confiante de que conseguiria vender muito bem nas áreas desérticas.
  Mas havia um problema, eu não sabia falar árabe. Então, pensei em criar uma sequência de três cartazes para transmitir minha mensagem de venda.
Primeiro cartaz: 
- Um homem caído na areia do deserto, totalmente exausto, a ponto de morrer de sede.
Segundo cartaz: 

- O homem bebe uma Coca-Cola.
Terceiro cartaz: 

- Nosso homem, agora completamente recuperado.
 

Então, mandei afixar estes cartazes em todos os lugares.
- Bem, me parece que isso deveria ter funcionado muito bem, disse-lhe o amigo.
O vendedor respondeu:
- É...???? eu só não sabia que os árabes lêem da direita para a esquerda!!!

Desabafo de uma Médica de Familia. Dá que pensar .....

Há evidencias tão evidentes que me pergunto, como foi possível termos permitido que se chegasse ao actual estado de coisas. Estou a falar da prescrição de fármacos, tantas vezes o corolário de uma consulta. Parece simples: uma queixa, um diagnóstico, um remédio que pode até nem ser um fármaco. Registos do acontecimento e avaliação posterior do resultado. No meio de toda a equação e passando por outros intermediários do processo, o dito remédio por vezes de facto um fármaco. Que tem um ou vários preços e é vendido ao balcão de um estabelecimento comercial que se chama farmácia, de uma forma pública ou seja sem privacidade não se fazendo registos do acto, para além dos necessários para fins contabilísticos. Enfim, todos os presentes na farmácia a assistir.
Durante décadas foi assim. O médico receitava, a farmácia dispensava e o doente pagava. Uma receita médica era inviolável. Era um termo de responsabilidade de um profissional que prescrevia um tratamento a alguém que teoricamente dele necessitava.
Nesta sociedade comandada pelo deve e haver, em que tudo o que respeita a fármacos envolve milhões, estalou o conflito. A industria farmacêutica um dos maiores negócios á escala planetária. O Estado, pagador de uma fatia considerável dos custos. A farmácia com os seus interesses, estrategicamente posicionada entre o médico e o doente. Mas a cadeia de intermediários não se fica por aqui. Agora existe também o armazenista a fazer a ponte entre a indústria e a farmácia. Um novo player como se diz agora.
Os custos dos fármacos subiram em flecha e a dada fase do processo surge o mercado de genéricos. Uma forma de tornar mais baratas as moléculas que já tinham ultrapassado o período da patente. Tudo certo.
Contudo, foi com a introdução dos genéricos que o processo se subverteu. E nós deixámos.
Com a introdução dos genéricos, o ministro á época entendeu passar um atestado de desconfiança a toda uma classe, e permitir a troca de fármacos na farmácia. E assim os genéricos entraram com o pé esquerdo. Bem trabalhada a opinião pública até aplaudiu. Porque os médicos recebiam muitas prendas e faziam muitas viagens ás Maldivas e nas farmácias eram todos muito honestos e só queriam o bem do doente e zelavam conscienciosamente pelos cofres do Estado, dispensando criteriosamente o remédio mais barato. E nós deixámos. É certo que ainda podíamos assinalar com uma cruz que não permitíamos a dispensa de um genérico. Foi sol de pouca dura, pois o mercado de genéricos floresceu. Ou melhor, explodiu. Se inicialmente já não sabíamos quantos genéricos existiam, em pouco tempo deixamos de saber quantos laboratórios de genéricos havia no mercado. Por vezes ao assinalar a não autorização de troca, o que pretendíamos não era impedir a dispensa do genérico, mas tão somente definir o laboratório fabricante, já que a forma como o modelo da receita estava elaborada não o permitia. Só estava prevista a troca de um remédio de marca por um genérico e não o próprio genérico. A partir desta altura tudo se trocava. Produtos de marca por genéricos, genéricos de um laboratório por genéricos de outro laboratório e quantas vezes até de uma molécula por outra. É certo que o doente tinha de concordar e firmar a sua assinatura, mas é humano atender á última coisa que nos é dito e lá estava ele pronto a assinar. E assinava. Com as trocas indiscriminadas começaram as confusões que se os nomes dos remédios são estranhos, os princípios activos são completamente arrevesados. Vá lá o doente comum, saber que toma uma carbamazepina e duas pregabalinas. É de mais. Mais simples é saber que toma um da caixa azul com uma risca branca e dois da caixa amarela com a risca verde e que se precisar ainda pode tomar da caixa encarnada com bolinhas rouxas. Estava preparado o terreno para a confusão generalizada. Considerando que ainda por cima e tratando-se de medicação crónica, na renovação do receituário lhe podiam ser trocadas todas as caixas. Não é preciso ser idoso para começar a trocar tudo. Mas a argumentação do farmacêutico, ou do técnico de farmácia ou de quem quer que esteja ao balcão da farmácia é clara. “Esse remédio está esgotado”. Também pode ser, “esse produto foi retirado do mercado, já não existe há muitos anos”. Aí, é o descrédito. Então o idiota do médico, nem isso sabe, pensa o pobre do doente. Mas logo a seguir vem a solução. Temos um exactamente igual e que faz o mesmo efeito e até é muito mais barato. Perante a evidencia o doente concorda e assina. A troca está consumada.
No entanto, muitas outras coisas podem acontecer. Os armazenistas podem ter interesse em fornecer às farmácias alguns fármacos em detrimento de outros, por exemplo. E assim, a farmácia é abastecida apenas dos remédios que interessam a alguém, algures pela cadeia acima. And so on. Os meandros da coisa são insondáveis e muitos cenários podem ocorrer. Já não estamos na narrativa básica do médico desonesto e vendido á industria farmacêutica e da farmácia honesta e benfazeja do interesse público, a bem da economia da nação. Isso era uma lenda. Os interesses jogam-se agora noutros tabuleiros!
Com a nova receita a coisa é ainda mais complicada, mas a verdadeira gincana, a autentica prova de barreiras é a prescrição electrónica. Mas reflectindo ainda sobre a nova receita em papel é no mínimo inquietante que onde constava “assinatura do médico prescritor” passe a figurar, assinatura do “prescritor”. Adivinham-se novos “players”. Que provavelmente não serão médicos. A ver vamos.
Entretanto a nossa vida tornou-se um inferno. E a dos doentes também. Temos grosso modo duas alternativas. A primeira é introduzir o princípio activo e “printar” a receita. Está pronto. A receita é passada ao doente, a farmácia vende o que entender. Como são todos muito honestos, naturalmente dispensam o mais barato. Sem registo de qual o fármaco entregue ao doente, de que laboratório. Efeitos secundários ou adversos não fazem história. Não interessam nada! Torna-se quase impossível fazer alguma fármacovigilância. Contudo, se os problemas forem mesmo graves, daqueles que até vêem no jornal, sempre é possível fazer uma investigação quase policial, pedir aos familiares que encontrem a caixa do remédio. Depois resta saber se era mesmo aquela ou se havia outra. A velha história.
Se o médico pretender saber exactamente o que o doente vai tomar, começa o slalom informático. Vai meter-se em grandes trabalhos. Primeiro tem de mudar o botão de pesquisa para “nome comercial”. Mesmo que pretenda escolher um genérico! Escreve o nome comercial ou o princípio activo (ridículo). Aparece a listagem que no caso do SAM praticamente não tem critério. Como o programa está tão bem feito que aproveita apenas uma pequena parte do ecrã, no caso de querer seleccionar o laboratório de origem do genérico ainda tem de deslocar o cursor para a direita, para visualizar a linha completa. Caso contrário nem o vê. Se existirem umas dezenas de fármacos com o mesmo nome, princípio activo, apresentação, dosagem etc., aparecem todos. Todos à molhada e é preciso andar para cima e para baixo até encontrar o que se pretende. Aí com um duplo clique a molécula vai para uma janela em cima e aparece por baixo da que o sistema seleccionou. A diferença é assinalada e lá aparece. Exemplo: este produto custa mais 0,03 cêntimos. Contudo se o médico pretende MESMO aquele, tem de marcar uma janela. OK, já está. Não, não está. O sistema ainda pergunta se tem mesmo a certeza que quer prescrever ESSE. Já com pouca paciência o médico assinala que sim. O sistema avisa mais uma vez que só em três situações pode prosseguir e abre uma janela com 3 caixas de verificação. Janela estreita, reacção adversa ou tratamento superior a 28 dias. Claro que a situação mais frequente é esta última. OK é um tratamento prolongado. Pois ainda aparece uma nova janela para introduzir o nº de dias previsto. Presumo que para o meu doente diabético o período previsível seja de ???? 365 dias. Como a janela dá para 3 dígitos optei por introduzir esse número. Estou tentada a pôr 666. Irei experimentar. Ainda aparece uma nova janela a dizer que nesse caso, alínea c), é obrigatória a introdução da posologia. Então e nos outros casos não é? Ponho a posologia. Quando finalmente tento passar para o segundo fármaco que pretendo receitar, ainda aparece mais uma janela a perguntar se quero gravar. Não, alguém anda a gozar connosco. Mas ainda não acabou. Longe disso. Quando o fármaco é seleccionado pelo médico e beneficia da tal bendita alínea c), a tal dos 666 dias de tratamento, as normas de prescrição exigem que seja passado apenas um fármaco por receita. É exactamente isso. Qualquer médico que ouse seleccionar quatro (4) remédios para o seu doente e tratando-se de medicação crónica e portanto com receita tripla para cada um deles, vê sair da impressora doze (12) receitas que como prescritor deve assinar. Por vezes o programa engana-se e printa mais que uma alínea c) na mesma receita, mas uns dias depois, lá está ela devolvida pela farmácia. Toca a recomeçar a narrativa para repor a lenda. É um fartar de papel, um fartar de caneta, um fartar de braço, um fartar de paciência.
A duplicação e a troca de fármacos atingem níveis nunca vistos. Por vezes até triplicação. É evidente que isto acontece muito mais na MGF, onde se prescreve mais, onde há mais idosos polimedicados que pedem sucessivamente a renovação do seu receituário. O que se está a passar é PERIGOSO para os doentes. Os acidentes de medicação estão sem controle. A nossa paciência está no limite.
Alguém tem de por cobro a isto. Pergunto: A Ordem dos Médicos foi consultada sobre a nova receita e sobre as novas regras de prescrição? O que tem a dizer sobre isto? O colégio da especialidade de MGF e de Medicina Interna, não têm nada a dizer perante a gravidade da situação?
Estamos a ficar loucos? Quando eu já não aguentar mais, vou deixar de seleccionar os fármacos dos meus doentes e limito-me a carregar num botão. Como nos “Tempos Modernos”. A receita sairá como os nossos decisores querem. A farmácia vai vender o que quiser. Os doentes vão continuar a trocar tudo e muitos deles já nem sabem o que tomam. A situação é tão grave que no caso dos idosos há muito que não sabem a quantas andam, nem as pessoas que lhes tratam dos remédios se entendem. Em breve a bagunça ainda vai aumentar, pois adivinham-se novos prescritores no pedaço.
E para concluir? Isto vai sair muito caro. Em vidas, em saúde e até mesmo em dinheiro.
Isto está a ficar um país de loucos. A insanidade, aliada á informática está a dar cabo de nós. Vamos continuar ZEN?

Fonte: e-mail

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Na Grécia já há 600 mil pessoas abandonadas pelo sistema de saúde


 
Por Marta F. Reis, Jornal i - publicado em 30 Out 2012

Director da secção grega dos Médicos do Mundo alerta que a catástrofe humanitária
pode alastrar: “O governo diz que é a escolha da troika”
Desempregados de longo termo têm de pagar do seu bolso os cuidados no sector público: são 700 euros um parto ou até 4 mil euros uma cirurgia oncológica
A história de Elena, contada pelo “The New York Times”, circulou nos últimos dias nas redes sociais. A doente com um tumor avançado na mama, do tamanho de uma laranja, deixou o chefe do serviço de oncologia do Hospital Geral Sotiria, no centro de
Atenas, perplexo. “Coisas como estas eram descritas nos manuais, mas nunca as víamos porque até agora, qualquer pessoa que adoecia neste país conseguia ajuda”, conta Kostas Syrigos.
Elena andou mais de um ano sem saber a quem recorrer até um médico a enviar para uma clínica social, com o peito envolto em guardanapos, para ser tratada por médicos voluntários e com remédios doados. Elena deu rosto à situação dramática que se vive no país: a machadada num sistema de saúde que nunca chegou a estar consolidado foi perceber-se o que significa regras como os desempregados há mais de um ano deixarem de ter acesso a cuidados de saúde gratuitos. Com 600 mil pessoas nesta
situação, fatia que pode chegar aos 1,2 milhões nos próximos meses, um em cada dez gregos está em risco de ser abandonados por um sistema de saúde com a pretensão de ser universal e tendencialmente gratuito.
Ao i, Syrigos não foi menos duro nas palavras: “Estas pessoas simplesmente não existem para o serviço nacional de saúde. É uma situação muito má.”
Toda a arquitectura do sistema nacional de saúde grego é diferente da realidade portuguesa, mas os especialistas salientam que o colapso foi rápido e merece ser olhado com atenção. 
Uma situação como a de Elena seria verosímil em Portugal se, por exemplo, os beneficiários de subsistemas como a ADSE perdessem o direito a
qualquer prestação de saúde após um ano no desemprego e não tivessem como alternativa o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que em Portugal protege ainda os mais pobres com isenções no pagamento das taxas moderadoras.
Em Portugal, depois da extinção dos serviços médicos das Caixas de Previdência e com a criação do SNS em 1979, mantiveram-se subsistemas subsidiados em parte pelo Estado e garante-se uma cobertura dupla: mesmo que a ADSE fosse à falência, os beneficiários continuariam a ter hospitais e centros de saúde onde recorrer. Na Grécia, a transição nunca foi concluída e o serviço nacional de saúde existe desde 1983 mas não é completamente financiado pelo orçamento do Estado: 48% são transferências de fundos da segurança social. Quem não desconta para a segurança social pode usar os serviços públicos, mas tem de pagar os custos praticamente na íntegra. Ainda assim, a Grécia investe na saúde 9,6% do PIB, acima da fatia de 6% com que Portugal sustentou este ano o sistema de saúde (em 2013 cai para 5,1%).

DEIXOU DE CHEGAR “Tentamos ajudar cobrindo os custos totais dos tratamentos com trabalho voluntário e remédios doados”, diz Kostas Syrigos, que colabora como voluntário na Metropolitan Social Clinic, uma rede de médicos fundada em Janeiro e onde Elena encontrou apoio. Mas a realidade é também conhecida de perto por Kanakis Nikitas, da secção grega da organização não-governamental Médicos do Mundo. “O que se passa na Grécia é muito simples: quem trabalha, desconta para a segurança social. Quem está desempregado, tem direito a segurança social durante um ano e depois não tem direito a nada. Sem segurança social e doente, se não tiver dinheiro e não encontrar ajuda, morre.” Não ter direito a nada significa pagar cinco euros por cada contacto com o sistema público, sem qualquer isenção. Mas isto é só o início, a taxa moderadora. As facturas atingem valores como 700 euros por um parto ou 3 mil a 4 mil por uma cirurgia oncológica se se recorrer aos hospitais públicos. A quimioterapia pode chegar aos 40 mil euros.
Além desta barreira no acesso, o apertar do cinto desde o primeiro resgate fez com que todo o sistema se degradasse. Charalampos Economou, investigador da Universidade Panteion, em Atenas, apresenta alguns indicadores: em alguns hospitais espera-se seis meses por uma cirurgia, por radioterapia três meses, o mesmo para a remoção de um tumor. O tempo de espera para fazer uma mamografia varia entre os três e os seis meses.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a Grécia chegou a ter o 14º melhor sistema de saúde do mundo. “Estamos a avançar para a mesma situação que os EUA viveram”, diz Syrigos. No ano 2000, quando a OMS avaliou o desempenho dos sistemas de saúde de 190 países, EUA apareciam longe na 37ª e Portugal na 12.ª.
O número de gregos que procuram a ajuda dos Médicos do Mundo aumentou quatro vezes nos últimos dois anos. “Este ano vamos atender 60 mil pessoas e há dois anos eram 30 mil, mas só 8% eram gregos”, conta Nikitas. Até aqui, este tipo de estruturas
apoiava sobretudo imigrantes, sem a situação laboral regularizada e é aí que reside o problema: deixou de chegar. O desemprego disparou e os pedidos não param. É a combinação dos cortes orçamentais, descida nas comparticipações e o aumento do
desemprego e nos impostos que torna a situação explosiva. E Nikitas salienta que não
é por falta de alertas que se chegou ao ponto de catástrofe humanitária. “O governo diz que é a escolha da troika. O que é que eles dizem aí? São as mesmas pessoas, a mesma troika. Temos de cumprir se não não recebemos a próxima tranche. Não creio
que seja muito diferente. Penso que não podem fazer nada, se não pode não haver dinheiro para a segurança social de todo.”
Para o médico, é hora de Bruxelas intervir mas também dos países mais pequenos enfrentarem o problema. “O que está a acontecer na Grécia vai acontecer-vos a vocês. Isto é certo. Somos os primeiros na fila. Mesmo que continuem e venha
dinheiro para o desenvolvimento do país, não vai haver futuro. As pessoas não vão sobreviver.”

domingo, 21 de outubro de 2012

Despedida

“Excelência,
Não me conhece, mas eu conheço-o e, por isso, espero que não se importe que lhe dê alguns dados biográficos. Chamo-me Pedro Miguel, tenho 22 anos, sou um recém-licenciado da Escola Superior de Enfermagem do Porto. Nasci no dia 31 de Julho de 1990 na freguesia de Miragaia. Cresci em Alijó com os meus avós paternos, brinquei na rua e frequentava a creche da Vila. Outras vezes acompanhava a minha avó e o meu avô quando estes iam trabalhar para o Meiral, um terreno de árvores de fruto, vinha (como a maioria daquela zona), entre outros. Aprendi a dizer “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite” quando me cruzava na rua com terceiros. Aprendi que a vida se conquista com trabalho e dedicação. Aprendi, ou melhor dizendo, ficou em mim a génesis da ideia de que o valor de um homem reside no poder e força das suas convicções, no trato que dá aos seus iguais, no respeito pelo que o rodeia.
Voltei para a cidade onde continuei o meu percurso: andei numa creche em Aldoar, freguesia do Porto e no Patronato de Santa Teresinha; frequentei a escola João de Deus durante os primeiros 4 anos de escolaridade, o Grande Colégio Universal até ao 10º ano e a Escola Secundária João Gonçalves Zarco nos dois anos de ensino secundário que restam. Em 2008 candidatei-me e fui aceite na Escola Superior de Enfermagem do Porto, como referi, tendo terminado o meu curso em 2012 com a classificação de Bom. Nunca reprovei nenhum ano. No ensino superior conclui todas as unidades curriculares sem “deixar nenhuma cadeira para trás” como se costuma dizer.
Durante estes 20 anos em que vivi no Grande Porto, cresci em tamanho, em sabedoria e em graça. Fui educado por uma freira, a irmã Celeste, da qual ainda me recordo de a ver tirar o véu e ficar surpreendido por ela ter cabelo; tive professores que me ensinaram a ver o mundo (nem todos bons, mas alguns dignos de serem apelidados de Professores, assim mesmo com P maiúsculo); tive catequistas que, mais do que religião, me ensinaram muito sobre amizade, amor, convivência, sobre a vida no geral; tive a minha família que me acompanhou e me fez; tive amigos que partilharam muito, alguns segredos, algumas loucuras próprias dos anos em flor; tive Praxe, aquilo que tanta polémica dá, não tendo uma única queixa da mesma, discutindo Praxe várias vezes com diversos professores e outras pessoas, e posso afirmar ter sido ela que me fez crescer muito, perceber muita coisa diferente, conviver com outras realidades, ter tirado da minha boca para poder oferecer um lanche a um colega que não tinha que comer nesse dia. Tudo isto me engrandeceu o espírito. E cresci, tornei-me um cidadão que, não sendo perfeito, luto pelas coisas em que eu acredito, persigo objetivos e almejo, como todos os demais, a felicidade, a presença de um propósito em existirmos. Sou exigente comigo mesmo, em ser cada vez melhor, em ter um lugar no mundo, poder dizer “eu existo, eu marquei o mundo com os meus atos”.
Pergunta agora o senhor por que razão estarei eu a contar-lhe isto. Eu respondo-lhe: quero despedir-me de si. Em menos de 48 horas estarei a embarcar para o Reino Unido numa viagem só de ida. É curioso, creio eu, porque a minha família (inclusive o meu pai) foi emigrante em França (onde ainda conservo parte da minha família) e agora também eu o sou. Os motivos são outros, claro, mas o objetivo é mesmo: trabalhar, ter dinheiro, ter um futuro. Lamento não poder dar ao meu país o que ele me deu. Junto comigo levo mais 24 pessoas de vários pontos do país, de várias escolas de Enfermagem. Somos dos melhores do mundo, sabia? E não somos reconhecidos, não somos contratados, não somos respeitados. O respeito foi uma das palavras que mais habituado cresci a ouvir. A par dessa também a responsabilidade pelos meus atos, o assumir da consequência, boa ou má (não me considero, volto a dizer, perfeito).
Esse assumir de uma consequência, a pro-atividade para fazer mais, o pensar, ter uma perspetiva sobre as coisas, é algo que falta em Portugal. Considero ridículas estas últimas semanas. Não entendo as manifestações que se fazem que não sejam pacíficas. Não sou a favor das multidões em protesto com caras tapadas (se estão lá, deem a cara pelo que lutam), daqueles que batem em polícias e afins. Mais, a culpa do país estar como está não é sua, nem dos sucessivos governos rosas e laranjas com um azul à mistura: a culpa é de todos. Porquê? Porque vivemos com uma Assembleia que pretende ser representativa, existindo, por isso, eleições. A culpa é nossa que vos pusemos nesse pódio onde não merecem estar. Contudo o povo cansou-se da ausência de alternativas, da austeridade, do desemprego, das taxas, dos impostos. E pedem um novo Abril. Para quê? O Abril somos nós, a liberdade é nossa. E é essa liberdade que nos permite sair à rua, que me permite escrever estas linhas. O que nós precisamos é que se recorde que Abril existiu para ser o povo quem “mais ordena”. E a precisarmos de algo, precisamos que nos seja relembrado as nossas funções, os nossos direitos, mas, sobretudo, principalmente, com muita ênfase, os nossos deveres.
Porém, irei partir. Dia 18 de Outubro levarei um cachecol de Portugal ao pescoço e uma bandeira na bagagem de mão. Levarei a Pátria para outra Pátria, levarei a excelência do que todas as pessoas me deram para outro país. Mostrarei o que sou, conquistarei mais. Mas não me esquecerei nunca do que deixei cá. Nunca. Deixo amigos, deixo a minha família. Como posso explicar à minha sobrinha que tem um ano que eu a amo, mas que não posso estar junto dela? Como posso justificar a minha ausência? Como posso dizer adeus aos meus avós, aos meus tios, ao meu pai? Eles criaram, fizeram-me um Homem. Sou sem dúvida um privilegiado. Ainda consigo ter dinheiro para emigrar, o que não é para todos. Sou educado, tenho objetivos, tenho valores. Sou um privilegiado.
E é por isso que lhe faço um último pedido. Por favor, não crie um imposto sobre as lágrimas e muito menos sobre a saudade. Permita-me chorar, odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país, trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia. Permita-me, sim? E verá que nos meus olhos haverá saudade e a esperança de um dia aqui voltar, voltar à minha terra. Voltarei com mágoa, mas sem ressentimentos, ao país que, lá bem no fundo, me expulsou dele mesmo.
Não pretendo que me responda, sinceramente. Sei que ser político obriga a ser politicamente correto, que me desejará boa sorte, felicidades. Prefiro ouvir isso de quem o diz com uma lágrima no coração, com o desejo ardente de que de facto essa sorte exista no meu caminho.
Cumprimentos,
Pedro Marques
Enviada hoje para a Presidência da República.”

http://anastomoses.blogspot.pt/2012/10/carta-de-despedida-presidencia-da.html

————– Actualização ———-
Video da partida de Pedro Marques no seguinte Link: http://www.muitobom.com/carta-de-despedida-cavaco-de-pedro-marques-chegou-aos-media/

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

"O FIM DAS TRÉGUAS

"O FIM DAS TRÉGUAS
 Nada deve ter acontecido por acaso. Aparentemente, os mercados, as
 agências de notação, a srâ Merkel, o Bundesbank, o FMI e os vários outros
 autores da farsa europeia concertaram-se entre si para proporcionar aos
 devastados povos da periferia europeia um período de tréguas de que eles
 próprios também deviam precisar. Mesmo os vampiros metem férias. E a
 Europa viveu um mês e meio de quente pasmaceira, que tanto pode ter
 resultado do cansaço acumulado por todos, como significar apenas a trégua
 antes do assalto final. Seja qual for a razão, nós, os gregos, os
 espanhóis e os italianos, os povos do sul e do sol, vivemos um Verão
 tranquilo, em contraste com o massacre das más notícias diárias dos
 últimos dois anos. Como se generosamente nos quisessem ter deixado viver,
 pela última vez, o esplendor do Verão mediterrânico.
 Seria bom poder ficar assim para sempre, com o peso do sol que não nos
 deixa abrir os olhos. Mas não, não podemos: também este sol é enganador.
 Voltemos à vida, então.
 Vamos despertar novamente para a realidade com a visita da troika, para a
 semana que vem. O alemão, o etíope e o careca virão dizer que tudo está a
 ser feito conforme desejado e previsto: isto é, que estamos no bom
 caminho. Segundo o Citigroup, o desemprego em Portugal vai continuar a
 crescer indefinidamente, a recessão, cujo fim em 2013 foi antecipado por
 Gaspar e Passos Coelho, vai dobrar de um crescimento negativo de 3% este
 ano, pelas previsões do Governo, para 6,3% no ano que vem, e a dívida vai
 subir para 120% do PIB. E Portugal só sobreviverá com um perdão generoso
 da dívida. Ou seja: o diagnóstico da doença foi bem feito pela troika e a
 terapia é adequada. O malandro do doente é que não reage ao tratamento.
 O processo ideológico de desforra do capital contra trabalho, conhecido
 como ajustamento da economia portuguesa, e que consiste fundamentalmente
 na promoção deliberada do desemprego e na sua desregulação social, como
 forma de embaratecimento do custo do trabalho, não é afinal suficiente e
 não produziu os efeitos desejados. Diz-nos o Banco de Portugal que o tal
 ajustamento da economia portuguesa tem sido largamente ultrapassado pelo
 ajustamento da economia europeia o que faz com que, longe de nos termos
 tomado mais competitivos, nos tornámos 10% menos competitivos, em termos
 de custos sociais do trabalho. O que é um dado inexplicável, visto que a
 Europa não baixou salários, enquanto nós já os fizemos regredir ao nível
 de cinquenta anos atrás. Mais um mistério criado por esta brilhante
 geração de economistas e ideólogos da economia, que nos trouxeram até onde
 estamos. E, se eles não sabem e não conseguem explicar onde está a origem
 do problema, sabem qual é a solução: baixar ainda mais os salários e
 deixar crescer ainda mais o número de desempregados, como forma de
 pressionar em baixa o valor do trabalho contratado.
 Quando eu estudei economia, alguns que hoje seriam considerados
 ignorantes, como Keynes ou J. K. Galbraith, explicavam que uma economia
 com uma taxa de desemprego de 20% era necessariamente uma economia falhada
 de um país falhado. Hoje dizem-nos que é uma economia em processo de
 ajustamento. Oxalá os burros sejam os velhos.
 Quando, há uma dúzia de anos, escrevi e voltei a escrever que Portugal não
 precisava de submarinos para nada, chamaram-me ignorante, anti-Forças
 Armadas, pouco patriota. Mas eu não me referia apenas à inutilidade da
 arma dos submarinos face aos interesses estratégicos de Portugal.
 Referia-me também à inutilidade subsequente dos sarilhos que
 inevitavelmente acarretaria a compra deles — para o que bastava conhecer
 as regras habituais do jogo.
 Agora, que escasseia o dinheiro para simplesmente manter os submarinos no
 mar, que se atrasa deliberadamente a sua recepção porque não se sabe o que
 fazer com eles, agora que se descobre que desapareceram os documentos
 relativos à compra e que o Ministério Público se prepara para gulosamente
 manter Paulo Portas em eterno mar de suspeitas, como fez com José Sócrates
 no caso Freeport, agora julgo que haverá muita gente a pensar em voz baixa
 o mesmo que eu escrevi há anos. Mas aquilo que ninguém conseguirá explicar
 é a razão pela qual o Estado português assina um contrato que envolve
 contrapartidas do fornecedor dos submarinos e, sabendo que a experiência
 ensinava que nenhum contrato de contrapartidas era, de facto, cumprido até
 ao fim, estabelece neste uma cláusula penal que permite à empresa
 fornecedora não cumprir nada, se assim o quiser, e pagar apenas uma multa
 no valor de 10% do seu incumprimento. Nem o mais inepto estagiário de
 advocacia saído da Universidade Lusófona faria um contrato destes para um
 cliente seu. Se querem saber a causa de milhares de milhões de euros
 malbaratados pelo Estado português nos últimos anos, procurem-na nos
 contratos celebrados em seu nome pelos poucos escritórios-maravi- Ihas de
 advogados a que sempre se recorre, seja para comprar submarinos ou para
 vender a RTP.
 A venda da RTP, o negócio emblemático do ministro Miguel Relvas, segue,
 pois, os trâmites habituais: por agora, escolhe-se o escritório de
 advogados que há-de dar assessoria jurídica ao negócio, visto que os
 advogados do Estado e os da RTP foram tidos como incompetentes para tal. E
 escolhe-se também uma outra empresa externa que há-de definir a natureza
 estratégica do negócio e o conceito de serviço público do que restar da
 RTP, visto que o trabalho produzido sobre o assunto pelas várias comissões
 nomeadas por este e anteriores governos não foi julgado válido.
 Mas aquilo que nenhum outsourríng, por mais encomendado que seja,
 conseguirá explicar é a própria razão da privatização de um canal da RTP.
 Se o objectivo fosse o de cortar nos custos da RTP, bastaria fechar o
 canal, não havia necessidade o vender. Se o objectivo fosse o de melhorar
 a oferta audiovisual (num universo em que a TDT e o Cabo saturaram o
 espaço com todo o género de ofertas), dificilmente se entende como é que
 tal poderá ser levado a cabo pela Cofina, a misteriosa Ongoing ou a ainda
 mais misteriosa empresa angolana cujo único aparente objecto social
 consiste em perder dinheiro editando o semanário "Sol".
 Todos os responsáveis da TVI, da SIC e da própria RTP, todos os que, de
 uma forma profissional estão envolvidos e conhecem o mercado audiovisiual
 português, são unânimes e veementes em explicar ao Governo que o
 aparecimento de mais um canal generalista, num contexto de profunda
 recessão do mercado publicitário, vai significar inevitavelmente a
 inviabilidade económica dos já existentes ou um drástico corte de despesas
 que terá fatalmente más consequências a nível da programação e da
 informação produzidas. Até um inepto estagiário de gestão saído da
 Lusófona percebe isto.
 Se todos o percebem, se não há razão para imaginar que todo o Governo seja
 mais estúpido que o comum das pessoas, e se ninguém se dá sequer ao
 trabalho de explicar a razão desta privatização, só resta uma conclusão: o
 que o Governo quer é exactamente o enfraquecimento ou o fim das televisões
 privadas existentes. Não é por caso ou por ignorância: é por vontade
 deliberada.
 Entretanto, apareceu agora esse génio incompreendido que é o dr. António
 Borges, o Liquidatário-Geral do património público a benefício da
 "iniciativa privada", com uma alternativa genial: em lugar de vender, o
 Estado concessionava, por 15 ou 20 anos, o lº canal da RTP, depois de
 encerrar o segundo; e, em lugar de transferir os habituais 200 milhões/ano
 para a RTP pública, passaria a transferir só 140 milhões para a RTP
 privada. Assim, segundo o dr. Borges, o Estado poupava dinheiro e nem
 sequer vendia a sua televisão. Assim, digo eu, iríamos ter mais uma
 privatização que resultaria em despesa e não em receita e alguém iria
 receber de mão beijada uma televisão já montada, com nome estabelecido no
 mercado, todas as infraestruturas a funcionar, pessoal já qualificado e
 mais 140 milhões por ano do Estado. Um case study a "privatização" do dr.
 Borges.
 Suponho que, neste dossiê, como no da privatização da TAP, seja de mais
 esperar que o senhor Presidente da República se incomode com o assunto.
 Estamos indefesos.
 Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia  "

O cano de uma pistola pelo cu

"O cano de uma pistola pelo cu
Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.

Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.

Fonte: http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO056741.html?page=0

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Sermão da montanha - versão para educadores


Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Ele preparava-os para serem os educadores capazes de transmitir a Boa Nova a todos os homens.
 Tomando a palavra, disse-lhes:
- Em verdade, em verdade vos digo:
- Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

- Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
- Felizes os misericordiosos, porque eles...?

Pedro interrompeu-o:
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?

André perguntou:
- É pra copiar?

Filipe lamentou-se:
- Esqueci o meu papiro!

Bartolomeu quis saber:
- Vai sair no teste?

João levantou a mão:
- Posso ir à casa de banho?

Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?

Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!

Tomé questionou:
- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?

Tiago Maior indagou:
- Vai contar pra nota?

Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandalhão à minha frente!

Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?

Mateus queixou-se:
- Eu não percebi nada, ninguém percebeu nada!

Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula?
Onde está a sua planificação e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos? Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?

Caifás emendou:
- Fez uma planificação que inclua os temas transversais e as atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?

Pilatos, sentado lá no fundo, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto. E veja lá se não vai reprovar alguém!

Foi nesse momento que Jesus disse: "Senhor, por que me abandonaste...?"

... parlamento é o grande centro da corrupção em Portugal...



terça-feira, 10 de julho de 2012

informá-lo de que V. Exa. está pejadinho de inconstitucionalidades

"Caro funcionário da República, venho por este meio informá-lo de que V. Exa. está pejadinho de inconstitucionalidades. É, pelo menos, o que ouvi dizer. E quem o diz não é um qualquer. Se aplicarmos com rigor o princípio da equidade invocado pelo Tribunal Constitucional (TC), chegamos a várias inconstitucionalidades no estatuto do funcionário público. Para começar, V. Exa. não enfrenta o fantasma da falência, ao contrário do mero mortal que trabalha lá fora, esse sítio onde se fazem contas à vidinha. A falência do seu patrão é uma impossibilidade física e metafísica. Ou melhor, o seu patrão até pode abrir falência, mas há sempre uma troika e os impostos de toda a gente para o salvar. Eis, portanto, a primeira inconstitucionalidade, que é a causa da segunda: V. Exa. não enfrenta o espetro do desemprego. A lei, escrita e não-escrita, protege o funcionário público do despedimento. Quando uma empresa deixa de facturar, os trabalhadores vão para o desemprego, porque a dita empresa tem de fechar portas. Quando deixa de fazer sentido, uma repartição pública continua aberta. Pior: se, num acto de loucura, o governo decide fechar a repartição, os funcionários não são despedidos; são inseridos num quadro de excedentários. Na vida real, lá fora, onde faz frio, não existem estas redes de segurança inconstitucionalíssimas.
Em terceiro lugar, parece que a Caixa Geral de Aposentações de V. Exa. garante reformas num regime privilegiado em relação ao resto da população . E o que dizer da ADSE, a quarta inconstitucionalidade? Durante anos e anos (décadas?), este exclusivo dos funcionários públicos foi o grande seguro de saúde do país. Agora, a ADSE parece que está em declínio, mas isso não apaga os benefícios usufruídos nos anos de glória da ADSE e não invalida a situação de privilégio ainda existente: um utente normal tem de ir ao SNS, mas V. Exa. pode ir à clínica/hospital privado de sua preferência. Durante anos e anos, esta foi a maior inconstitucionalidade: a melhor parte da saúde financiada pelo Estado era um privilégio de V. Exa. O TC e os profetas da equidade nunca abriram a boca sobre este assunto e a expansão da ADSE à população inteira foi sempre um tabu inconstitucionalíssimo.
Quinta inconstitucionalidade? A taxa de absentismo de V. Exa. é seis vezes superior à das empresas normais e essas empresas nunca tiveram a prática das promoções automáticas, outro mistério inconstitucional (o sexto). Sétima? Por que razão a percentagem do PIB português utilizada para pagar salários da função pública é superior à média europeia? Oitava? Bom, poderíamos estar aqui o dia todo, poderíamos chegar até à vigésima, mas por hoje já chega, meu caro amigo. Já estou a transbordar de inconstitucionalidade, já tenho alíneas de privilégio a sair pelas orelhas. Para terminar, e enquanto espero pelas considerações do TC sobre estas alíneas, só queria dizer que continuarei aqui nas galés, remando ao som do batuque inconstitucionalíssimo de V. Exa. "

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/caro-funcionario-publico-v-exa-e-inconstitucional=f738257#ixzz20Aplty8G

terça-feira, 29 de maio de 2012

O carácter internacionalista do povo Português!

Se tem um problema intrincado
Vê-se grego

Se não compreende alguma coisa
"Aquilo" é chinês

Se trabalha de manhã à noite
Trabalha que nem um mouro

Se vê uma invenção moderna
É uma americanice

Se alguém fala muito depressa
Fala que nem espanhol

Se alguém vive com luxo
Vive à grande e à francesa

Se alguém quer causar boa impressão
É só para inglês ver

Se alguém tenta regatear um preço
É pior que cigano!

Se alguém é agarrado ao dinheiro
É pior que judeu

Se vê alguém a divertir-se
Está a gozar que nem um preto

Se vê alguém com um fato claro vestido
Parece um brasileiro

Se vê uma loura alta e boa
Parece uma autêntica sueca

Se quer um café curtinho
Pede uma italiana

Se vê horários serem cumpridos
É pontualidade britânica

Se vê um militar bem fardado
Parece um soldado alemão

Se uma máquina funciona bem
É como um relógio suíço

Mas quando alguma coisa corre mal
É "à PORTUGUESA"


Fonte: email