segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

TSH pense nisso.



sábado, 19 de outubro de 2013

7 Coisas Inventadas Por Mulheres (sabia?)

Sabia que a máquina de lavar loiça ou o Monopólio saíram de cérebros femininos? 

Venha connosco ao mundo das inventoras menos célebres.


É difícil saber ao certo quantas invenções foram de autoria feminina, porque até muito tarde as mulheres não podiam registar legalmente qualquer patente. Muitas vezes, as suas invenções ficavam de facto no nome dos maridos. Algumas inventoras ficaram para a História, como Marie Curie. Mas outras invenções que se sabe serem de autoria de mulheres foram:

1 – A Máquina de lavar loiça – Podiamos pensar que a máquina de lavar foi inventada por uma pobre mulher e mãe de família esfalfada de tanto prato e travessa suja, mas não: a inventora foi Josephine Cochrane, uma ‘socialite’ deixada na penúria pelo marido em1883. Em vez de vender a sua rica porcelana, preferiu inventar uma máquina para a lavar e assim ver-se livre de criadas deastradas. A princípio, os primeiros a adotarem a invenção foram hotéis e restaurantes, mas em breve a máquina chegou às casas particulares.  
2 – A Programação informática – Ada Byron foi uma das mulheres mais fascinantes de sempre: filha de um breve casamento do poeta inglês Lord Byron (que nunca viu), Ada foi posta pela mãe a aprender matemática para contrariar as suas perigosas ‘tendências’ poéticas. A primeira invenção de Ada foi uma curiosa mistura das duas: uma máquina de voar...Mas não foi isso que a tornou famosa. Com apenas 17 anos, Ada começou a trabalhar com um professor de matemática, Charles Babbage, numa elaborada máquina de calcular mecânica (que acabou por não ser construída). Um marido e três filhos não foram o suficiente para afastá-la da matemática, e os seus estudos reúnem aquilo que foi mais tarde aceite como o primeiro programa de computador. Ada morreu de cancro, aos 37 anos, em 1852. Escusado será dizer que não viu nenhum computador, e o resto do mundo teria de esperar mais de 100 anos para ver um.

3 - O Limpa-pára brisas – Está bem, não é a lâmpada nem a televisão, mas experimentem tentar guiar numa noite escura e tempestuosa com a chuva a cair sem parar... Aliás, foi exatamente o que pensou a sua inventora, a americana Mary Anderson, que em 1903 viajava do Alabama até Nova Iorque. Pronto, podia ter inventado a Easy Jet, mas não se pode pensar em tudo ao mesmo tempo.

4 – O Monopólio – Foi criado pela americana Elizabeth Magie Pillips, com a intenção de ser uma simples ferramenta para ensinar teoria económica, e chamava-se ‘o Jogo do Proprietário’. Como percebia mais de economia do que de marketing, foi preciso chegar um homem, Charles Darrow, para aproveitar o potencial da coisa e o lançar como jogo de tabuleiro, em 1935.

5 – Painéis solares – Pois foi outra mulher, aliás duas, e outra americana, aliás duas, talvez fartas daquilo que pagavam em eletricidade: a cientista Maria Telkes, juntamente com a arquiteta Eleanor Raymond, assinaram a primeira casa com aquecimento solar, nos anos 40, inseridas na equipa do  Solar Energy Research Project do Massachussett's Institute of Technology.

6 – A Cerveja – Pronto, é verdade, não se sabe ao certo quem inventou a longínqua cerveja, tal como não se sabe quem inventou o vinho, mas segundo um estudo brasileiro a arte da cerveja foi, há muito tempo, apanágio das mulheres. Na Mesopotâmia e na Suméria, as mulheres era as únicas especialmente habilitadas a fabrircar cerveja e mesmo a gerir as ‘tabernas’ da altura. Enfim, talvez bebessem menos mercadoria e fizessem menos estragos no negócio...

7 – A saída de emergência -  Não se sabe para que precisou ela de uma saída de emergência, mas as primeiras escadas foram inventadas por uma senhora chamada Anna Connely, em 1897. Ainda hoje se chamam o modelo Connely, e rapidamente se tornaram obrigatórias em todos os prédios.

fonte: 
Activa.pt
17 Outubro 2013, 17:53

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Os 12 erros mais comuns

Debitar uma resposta memorizada, em vez de apostar na capacidade de pensar pela própria cabeça, não é uma boa solução.
Peça-se num exame que os alunos identifiquem com um "v" de "verdadeiro" as afirmações, entre várias apresentadas numa lista, que sustentem uma determinada hipótese. E é quase certo que vários identificarão com um "v" todas as afirmações que consideram verdadeiras - independentemente de apoiarem ou não a hipótese apresentada. E assim se falha uma resposta. O exemplo serve para ilustrar um dos erros frequentes dos estudantes quando fazem exames: não lêem a pergunta até ao fim. Ganham minutos, mas perdem pontos.
A duas semanas de começarem os exames nacionais do básico e do secundário, pedimos a professores de diferentes áreas que nos ajudassem a fazer uma lista de erros frequentes. Alguns são fáceis de adivinhar. Outros, mais surpreendentes. Há quem aconselhe umas boas horas de desporto vigoroso na véspera da prova.
1. Não estudar com tempo
É bom que cada um encontre a sua própria forma de optimizar o tempo de estudo e de ser eficaz, nota José Morgado, professor do Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Mas a verdade é que o tempo que os alunos dedicam a preparar-se para as provas é, muitas vezes, insuficiente.
"Uma parte significativa não se prepara com a antecedência devida", diz Miguel Barros, vice-presidente da Associação de Professores de História (APH). Muitos deixam para a véspera das provas o estudo das matérias obrigatórias, continua Paula Gonçalves, professora de Filosofia e coordenadora do centro de explicações Ás de Saber. "Revelam um estudo pouco sistemático, mal organizado, sem a elaboração prévia de resumos, os quais, quando realizados ao longo do ano lectivo, simplificam muito a preparação mais específica e intensiva que antecede os exames", afirma.
O local de estudo também pode fazer a diferença. Miguel Barros nota que "muitos alunos não estudam em ambientes propícios à concentração - não desligam a televisão, a Internet ou os telemóveis, por exemplo".
2. Stress a mais
"Quando iniciam o estudo, é frequente entrarem em pânico face à enormidade da tarefa, o que os leva a situações de stress e, no limite, ao uso de fármacos que, supostamente, os auxiliarão a concluir com sucesso o que se pretende", diz o dirigente da APH. Eis outro erro frequente. José Morgado sublinha a importância de se tentar "lidar de forma serena com a pressão ou expectativas que, muitas vezes, pais, professores ou os próprios colocam - e que, para alguns alunos, podem tornar-se parte do problema". 
À medida que o exame se aproxima, os nervos aumentam. E, no dia da prova, ainda pior - sendo que, tendencialmente, os mais pequeninos são mais sensíveis, explica Fernando Nunes, ex-presidente da Associação de Professores de Matemática.
O excesso de tensão, diz este professor, é um grande inimigo. Leva os alunos a cometer erros, sobretudo se no exame se confrontam com algo "novo", uma pergunta feita de forma diferente daquela que é habitual, por exemplo. O último relatório disponível do Gabinete de Avaliação Educacional, sobre os exames, confirma esta ideia: em 2011, nos exames de Matemática do 9.º e do 12.º ano, por exemplo, os alunos revelaram dificuldades na interpretação de algumas questões, sobretudo quando estas envolviam "estratégias não habituais".
3. Ter excesso de confiança
Muitos alunos consideram que não precisam de fazer uma preparação "mais específica e direccionada" para os exames porque julgam que já conhecem a matéria, diz Paula Gonçalves. Acham, portanto, que não precisam de praticar. Mas atenção ao excesso de confiança: "A realização contínua de exercícios permite fazer um levantamento dos próprios erros procurando superá-los e, além disso, obriga a analisar os critérios de correcção dos exames procurando responder à questão "em que é que eu não posso falhar?"."
4. Ler só resumos
Cada vez mais se nota que os alunos não lêem as obras integrais que são obrigatórias, notam alguns professores. Isto vale, nomeadamente, para quem está a preparar-se para o exame de Português. Os resumos das obras não chegam!
5. Ir de directa
Ir para o exame com uma noite mal dormida é um erro frequente. "Metade da nota consegue-se com estudo, a outra metade com os neurónios em actividade máxima... o que implica uma cabeça fresca!", diz Paula Canha, professora de Biologia e Geologia. "Aconselho os meus alunos a praticarem desporto vigoroso no final do dia anterior ao exame, pelo menos oito horas de sono e uma refeição decente antes do exame. Assim, a concentração e a capacidade de raciocínio estarão no seu máximo."
6. Não ler as perguntas
Até que chega aquele momento em que o professor distribui o exame. "Às vezes nem lêem o enunciado completo!" O desabafo é de Paula Canha, mas é partilhado por vários professores. "Dizem que a meio já achavam que tinham percebido o que era para responder, mas afinal... Exemplo: uma pergunta de V/F [Verdadeiro/Falso] em que é para indicar as afirmações que apoiam uma determinada hipótese. Eles partem do princípio que é para assinalar as frases como verdadeiras ou falsas, ignorando o segundo requisito do enunciado", continua a professora de Biologia.
Não dedicar o tempo necessário à leitura das perguntas leva a erros de interpretação, diz também Miguel Barros. Sem compreender bem o que é pedido, dificilmente se dá a resposta certa, e isto é verdade para todas as disciplinas, diz Paula Gonçalves.
7. Não planear as respostas
Para além de compreender as perguntas é preciso "preparar e planear as respostas", diz José Morgado. "A resposta imediata pode ser desajustada ou "ao lado"." É importante avaliar o que é mesmo "essencial", referir e o que é "acessório" - sendo que o acessório também se pode incluir, e até pode ser relevante, em questões de "desenvolvimento".
8. Debitar o que se decorou
"Muitos alunos desenvolvem na sua cabeça a resposta certa, mas como não confiam na sua capacidade de raciocínio, preferem procurar na memória alguma coisa que tenham ouvido na aula ou estudado no manual e que possa colar-se àquela situação", diz Paula Canha. Miguel Barros dá o exemplo do que se passa na sua área científica: "Apesar de nos exames de História se privilegiar a interpretação de fontes, devendo a informação recolhida nessas fontes ser integrada, de forma crítica, nas respostas, um número significativo de alunos continua a achar que o que interessa é "decorar a matéria" e "despejá-la" nas respostas. Isto dá origem a erros de análise - vêem nas questões aquilo que querem ver, dando origem a respostas longas mas que ficam muito aquém daquilo que se pretende."
9. Não ser assertivo
Ser objectivo e assertivo dá pontos, diz Paula Gonçalves. "Muitos alunos têm tendência para o excesso de informação numa resposta, tornando-a pouco assertiva. A objectividade é muito bem cotada num exame."
10. Não gerir o tempo
O exame deve ser visto como um todo, diz Miguel Barros. Mas a maioria dos alunos não é assim que lida com o enunciado da prova. "Como não olham para o exame como um todo, mas antes como uma lista de questões, não planeiam com cuidado o tempo de que vão necessitar. Perdem, frequentemente, demasiado tempo com questões de nível mais elementar (do tipo refere, enumera...), que são menos pontuadas, acabando por não ter tempo suficiente para responder a questões mais complexas, que implicam uma maior reflexão."
Mas isto de gerir o tempo não é coisa fácil. Ficar "bloqueado" numa resposta que parece supercomplicada também pode acabar por significar que não se tem tempo para responder a outras eventualmente mais fáceis, lembra José Morgado.
Fernando Nunes lembra que o "tempo" não é, geralmente, um factor muito valorizado no processo de ensino-aprendizagem - mais cinco minutos, menos cinco minutos, o que interessa aos professores na sala de aula é que os jovens acabem por conseguir resolver o problema. No exame, tudo é diferente. Fica a sugestão: "Se acham que estão a levar demasiado tempo com uma pergunta que não estão a conseguir responder, passem para outra, porque elas não têm todas o mesmo grau de dificuldade."
11. Não rever as respostas
É fundamental voltar a reler as respostas do exame para perceber se existe coerência no que foi exposto e poder detectar erros e falhas.
12. Não usar as tabelas
Textos, tabelas, gráficos e exemplos não servem para embelezar o exame, diz Paula Gonçalves. Muitos alunos ignoram o recurso a estes documentos de apoio que constam de alguns enunciados e que muito podem valorizar uma resposta.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A importância de conhecer a cultura do cliente

Era uma vez...

Um vendedor da Coca-Cola volta de uma temporada no Egito e conversa com um amigo sobre a dificuldade que teve por lá. 
O amigo pergunta:  
- Por que não conseguiste ter sucesso com os egípcios?
O vendedor disse: 
  - Quando fui designado para o Oriente Médio, estava confiante de que conseguiria vender muito bem nas áreas desérticas.
  Mas havia um problema, eu não sabia falar árabe. Então, pensei em criar uma sequência de três cartazes para transmitir minha mensagem de venda.
Primeiro cartaz: 
- Um homem caído na areia do deserto, totalmente exausto, a ponto de morrer de sede.
Segundo cartaz: 

- O homem bebe uma Coca-Cola.
Terceiro cartaz: 

- Nosso homem, agora completamente recuperado.
 

Então, mandei afixar estes cartazes em todos os lugares.
- Bem, me parece que isso deveria ter funcionado muito bem, disse-lhe o amigo.
O vendedor respondeu:
- É...???? eu só não sabia que os árabes lêem da direita para a esquerda!!!

Desabafo de uma Médica de Familia. Dá que pensar .....

Há evidencias tão evidentes que me pergunto, como foi possível termos permitido que se chegasse ao actual estado de coisas. Estou a falar da prescrição de fármacos, tantas vezes o corolário de uma consulta. Parece simples: uma queixa, um diagnóstico, um remédio que pode até nem ser um fármaco. Registos do acontecimento e avaliação posterior do resultado. No meio de toda a equação e passando por outros intermediários do processo, o dito remédio por vezes de facto um fármaco. Que tem um ou vários preços e é vendido ao balcão de um estabelecimento comercial que se chama farmácia, de uma forma pública ou seja sem privacidade não se fazendo registos do acto, para além dos necessários para fins contabilísticos. Enfim, todos os presentes na farmácia a assistir.
Durante décadas foi assim. O médico receitava, a farmácia dispensava e o doente pagava. Uma receita médica era inviolável. Era um termo de responsabilidade de um profissional que prescrevia um tratamento a alguém que teoricamente dele necessitava.
Nesta sociedade comandada pelo deve e haver, em que tudo o que respeita a fármacos envolve milhões, estalou o conflito. A industria farmacêutica um dos maiores negócios á escala planetária. O Estado, pagador de uma fatia considerável dos custos. A farmácia com os seus interesses, estrategicamente posicionada entre o médico e o doente. Mas a cadeia de intermediários não se fica por aqui. Agora existe também o armazenista a fazer a ponte entre a indústria e a farmácia. Um novo player como se diz agora.
Os custos dos fármacos subiram em flecha e a dada fase do processo surge o mercado de genéricos. Uma forma de tornar mais baratas as moléculas que já tinham ultrapassado o período da patente. Tudo certo.
Contudo, foi com a introdução dos genéricos que o processo se subverteu. E nós deixámos.
Com a introdução dos genéricos, o ministro á época entendeu passar um atestado de desconfiança a toda uma classe, e permitir a troca de fármacos na farmácia. E assim os genéricos entraram com o pé esquerdo. Bem trabalhada a opinião pública até aplaudiu. Porque os médicos recebiam muitas prendas e faziam muitas viagens ás Maldivas e nas farmácias eram todos muito honestos e só queriam o bem do doente e zelavam conscienciosamente pelos cofres do Estado, dispensando criteriosamente o remédio mais barato. E nós deixámos. É certo que ainda podíamos assinalar com uma cruz que não permitíamos a dispensa de um genérico. Foi sol de pouca dura, pois o mercado de genéricos floresceu. Ou melhor, explodiu. Se inicialmente já não sabíamos quantos genéricos existiam, em pouco tempo deixamos de saber quantos laboratórios de genéricos havia no mercado. Por vezes ao assinalar a não autorização de troca, o que pretendíamos não era impedir a dispensa do genérico, mas tão somente definir o laboratório fabricante, já que a forma como o modelo da receita estava elaborada não o permitia. Só estava prevista a troca de um remédio de marca por um genérico e não o próprio genérico. A partir desta altura tudo se trocava. Produtos de marca por genéricos, genéricos de um laboratório por genéricos de outro laboratório e quantas vezes até de uma molécula por outra. É certo que o doente tinha de concordar e firmar a sua assinatura, mas é humano atender á última coisa que nos é dito e lá estava ele pronto a assinar. E assinava. Com as trocas indiscriminadas começaram as confusões que se os nomes dos remédios são estranhos, os princípios activos são completamente arrevesados. Vá lá o doente comum, saber que toma uma carbamazepina e duas pregabalinas. É de mais. Mais simples é saber que toma um da caixa azul com uma risca branca e dois da caixa amarela com a risca verde e que se precisar ainda pode tomar da caixa encarnada com bolinhas rouxas. Estava preparado o terreno para a confusão generalizada. Considerando que ainda por cima e tratando-se de medicação crónica, na renovação do receituário lhe podiam ser trocadas todas as caixas. Não é preciso ser idoso para começar a trocar tudo. Mas a argumentação do farmacêutico, ou do técnico de farmácia ou de quem quer que esteja ao balcão da farmácia é clara. “Esse remédio está esgotado”. Também pode ser, “esse produto foi retirado do mercado, já não existe há muitos anos”. Aí, é o descrédito. Então o idiota do médico, nem isso sabe, pensa o pobre do doente. Mas logo a seguir vem a solução. Temos um exactamente igual e que faz o mesmo efeito e até é muito mais barato. Perante a evidencia o doente concorda e assina. A troca está consumada.
No entanto, muitas outras coisas podem acontecer. Os armazenistas podem ter interesse em fornecer às farmácias alguns fármacos em detrimento de outros, por exemplo. E assim, a farmácia é abastecida apenas dos remédios que interessam a alguém, algures pela cadeia acima. And so on. Os meandros da coisa são insondáveis e muitos cenários podem ocorrer. Já não estamos na narrativa básica do médico desonesto e vendido á industria farmacêutica e da farmácia honesta e benfazeja do interesse público, a bem da economia da nação. Isso era uma lenda. Os interesses jogam-se agora noutros tabuleiros!
Com a nova receita a coisa é ainda mais complicada, mas a verdadeira gincana, a autentica prova de barreiras é a prescrição electrónica. Mas reflectindo ainda sobre a nova receita em papel é no mínimo inquietante que onde constava “assinatura do médico prescritor” passe a figurar, assinatura do “prescritor”. Adivinham-se novos “players”. Que provavelmente não serão médicos. A ver vamos.
Entretanto a nossa vida tornou-se um inferno. E a dos doentes também. Temos grosso modo duas alternativas. A primeira é introduzir o princípio activo e “printar” a receita. Está pronto. A receita é passada ao doente, a farmácia vende o que entender. Como são todos muito honestos, naturalmente dispensam o mais barato. Sem registo de qual o fármaco entregue ao doente, de que laboratório. Efeitos secundários ou adversos não fazem história. Não interessam nada! Torna-se quase impossível fazer alguma fármacovigilância. Contudo, se os problemas forem mesmo graves, daqueles que até vêem no jornal, sempre é possível fazer uma investigação quase policial, pedir aos familiares que encontrem a caixa do remédio. Depois resta saber se era mesmo aquela ou se havia outra. A velha história.
Se o médico pretender saber exactamente o que o doente vai tomar, começa o slalom informático. Vai meter-se em grandes trabalhos. Primeiro tem de mudar o botão de pesquisa para “nome comercial”. Mesmo que pretenda escolher um genérico! Escreve o nome comercial ou o princípio activo (ridículo). Aparece a listagem que no caso do SAM praticamente não tem critério. Como o programa está tão bem feito que aproveita apenas uma pequena parte do ecrã, no caso de querer seleccionar o laboratório de origem do genérico ainda tem de deslocar o cursor para a direita, para visualizar a linha completa. Caso contrário nem o vê. Se existirem umas dezenas de fármacos com o mesmo nome, princípio activo, apresentação, dosagem etc., aparecem todos. Todos à molhada e é preciso andar para cima e para baixo até encontrar o que se pretende. Aí com um duplo clique a molécula vai para uma janela em cima e aparece por baixo da que o sistema seleccionou. A diferença é assinalada e lá aparece. Exemplo: este produto custa mais 0,03 cêntimos. Contudo se o médico pretende MESMO aquele, tem de marcar uma janela. OK, já está. Não, não está. O sistema ainda pergunta se tem mesmo a certeza que quer prescrever ESSE. Já com pouca paciência o médico assinala que sim. O sistema avisa mais uma vez que só em três situações pode prosseguir e abre uma janela com 3 caixas de verificação. Janela estreita, reacção adversa ou tratamento superior a 28 dias. Claro que a situação mais frequente é esta última. OK é um tratamento prolongado. Pois ainda aparece uma nova janela para introduzir o nº de dias previsto. Presumo que para o meu doente diabético o período previsível seja de ???? 365 dias. Como a janela dá para 3 dígitos optei por introduzir esse número. Estou tentada a pôr 666. Irei experimentar. Ainda aparece uma nova janela a dizer que nesse caso, alínea c), é obrigatória a introdução da posologia. Então e nos outros casos não é? Ponho a posologia. Quando finalmente tento passar para o segundo fármaco que pretendo receitar, ainda aparece mais uma janela a perguntar se quero gravar. Não, alguém anda a gozar connosco. Mas ainda não acabou. Longe disso. Quando o fármaco é seleccionado pelo médico e beneficia da tal bendita alínea c), a tal dos 666 dias de tratamento, as normas de prescrição exigem que seja passado apenas um fármaco por receita. É exactamente isso. Qualquer médico que ouse seleccionar quatro (4) remédios para o seu doente e tratando-se de medicação crónica e portanto com receita tripla para cada um deles, vê sair da impressora doze (12) receitas que como prescritor deve assinar. Por vezes o programa engana-se e printa mais que uma alínea c) na mesma receita, mas uns dias depois, lá está ela devolvida pela farmácia. Toca a recomeçar a narrativa para repor a lenda. É um fartar de papel, um fartar de caneta, um fartar de braço, um fartar de paciência.
A duplicação e a troca de fármacos atingem níveis nunca vistos. Por vezes até triplicação. É evidente que isto acontece muito mais na MGF, onde se prescreve mais, onde há mais idosos polimedicados que pedem sucessivamente a renovação do seu receituário. O que se está a passar é PERIGOSO para os doentes. Os acidentes de medicação estão sem controle. A nossa paciência está no limite.
Alguém tem de por cobro a isto. Pergunto: A Ordem dos Médicos foi consultada sobre a nova receita e sobre as novas regras de prescrição? O que tem a dizer sobre isto? O colégio da especialidade de MGF e de Medicina Interna, não têm nada a dizer perante a gravidade da situação?
Estamos a ficar loucos? Quando eu já não aguentar mais, vou deixar de seleccionar os fármacos dos meus doentes e limito-me a carregar num botão. Como nos “Tempos Modernos”. A receita sairá como os nossos decisores querem. A farmácia vai vender o que quiser. Os doentes vão continuar a trocar tudo e muitos deles já nem sabem o que tomam. A situação é tão grave que no caso dos idosos há muito que não sabem a quantas andam, nem as pessoas que lhes tratam dos remédios se entendem. Em breve a bagunça ainda vai aumentar, pois adivinham-se novos prescritores no pedaço.
E para concluir? Isto vai sair muito caro. Em vidas, em saúde e até mesmo em dinheiro.
Isto está a ficar um país de loucos. A insanidade, aliada á informática está a dar cabo de nós. Vamos continuar ZEN?

Fonte: e-mail